DCI
No mesmo dia em que o ex-presidente Lula tentava obter no Superior Tribunal de Justiça um habeas corpus preventivo contra um eventual pedido de prisão, uma nova pesquisa eleitoral reforçou a leitura de que o petista continua a ser um candidato forte à Presidência da República, mas um cabo eleitoral não tão decisivo. Os cenários sem Lula apontam para uma diluição das preferências entre vários candidatos e um crescimento forte dos votos nulos ou em branco.
Segundo a CNT/MDA, Lula tem nesse início de março 33,4% das intenções de voto e seria favorito em hipotéticos segundos turnos contra qualquer dos nomes colocados. Segundo o levantamento, ele tem a melhor relação entre os potenciais positivos e negativos de voto, mas 52,1% dos entrevistados concordaram com sua condenação pelo caso do tríplex do Guarujá e 52,5% acreditam que ele não deveria disputar as eleições.
Com real possibilidade de o ex-presidente ter sua candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral, é natural tentar prospectar sua capacidade de transferir votos para outro nome. É aí que as cosas complicam para o PT. Segundo o MDA, apenas 16,4% dos pesquisados foram categóricos em afirmar que votariam em qualquer candidato apontado pro Lula e 26,4% cogitam a hipótese, dependendo do nome. Mas 54,2% disseram não ter a intenção de votar em nenhum “ungido” por Lula.
A pesquisa testou três cenários sem o nome de Lula nas urnas e os candidatos que mostraram maior crescimento foram Marina Silva (que passa de 7,8% para até 13,9%), Ciro Gomes (de 4,3% para até 9%) e Geraldo Alckmin (de 6,4% até 8,7%). Até Jair Bolsonaro se beneficia, saindo de 16,8% (com Lula) para até 20,9% das intenções (sem o petista). O ex-prefeito Fernando Haddad, hoje tratado como potencial plano B do PT aparece com, no máximo, 2,9% das citações.
É difícil dimensionar o protagonismo que Lula terá na disputa de outubro uma vez que até sua prisão é considerada provável nesse período. Só vai errar quem subestimar ou superestimar seu papel na disputa.
https://www.dci.com.br/opiniao/cabo-eleitoral-menos-decisivo-1.688718
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