De olho na cláusula de barreira, legendas precisam de puxadores de votos
DCI
29.03.18
A cláusula de desempenho para os partidos políticos, uma das medidas saneadoras das eleições adotadas pelo Congresso Nacional no ano passado, mudou a estratégia de curto prazo de várias agremiações. Muitos grupos que cogitavam lançar candidaturas majoritárias em 2018 avaliam agora se não é mais garantido apostar as fichas numa boa bancada parlamentar e assim escapar da linha de corte da PEC 33/2017, que estipulou metas progressivas de participação das legendas.
Pelas novas regras, um partido só terá só terá direito ao fundo público e, posteriormente, ao tempo de propaganda em radio e TV se conseguir obter 1,5% dos votos válidos nas eleições proporcionais de outubro próximo em pelo menos um terço dos estados, com um mínimo de 1% das escolhas em cada um. Quem conseguir ao menos nove deputados em nove unidades da federação também estará no jogo. As exigências vão crescer progressivamente até 2030 quando o número de legendas na Câmara deve cair para 10 ou 11 partidos.
Não é a primeira vez que se tenta algo parecido. Em 1995, os deputados aprovaram uma mudança que seria válida a partir de 2006, com regras muito duras e que privilegiavam as grandes legendas. O STF decidiu que as mudanças eram inconstitucionais e abriu espaço para a atual sopa de letrinhas partidária que assola o país.
O que se espera agora é que os chamados “puxadores” de votos ganhem espaço na campanha. Celso Russomanno, por exemplo, acalenta o sonho de se candidatar ao governo se São Paulo, mas o PRB prefere que ele faça campanha para deputado, tentando alcançar o patamar de 1,5 milhão de votos obtidos em 2014. No Rio, Marcelo Freixo também seria uma opção do governo, mas o PSOL vai precisar dele para passar da nota de corte.
Existem ainda vários pré-candidatos a governos estaduais e ao Senado assustados com a aproximação das investigações da Lava Jato e que podem trocar suas aspirações iniciais pelo conforto do foro privilegiado como deputados federais. As eleições proporcionais ganharam outra importância.
https://www.dci.com.br/opiniao/editorial/calculadora-na-m-o-dos-partidos-1.694575
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