Mercado financeiro reduziu suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2018. A expectativa de alta para o PIB este ano recuou de 2,70% para 2,51%
Por Estadão Conteúdo 14 de Maio de 2018
| Agência de notícias do Grupo Estado
Sob influência dos dados mais recentes de inflação, os economistas do mercado financeiro reduziram a previsão para a inflação de 2018 e 2019. O Relatório de Mercado Focus divulgado na manhã desta segunda-feira (14/05), pelo Banco Central (BC), mostra que a mediana para o IPCA este ano foi de 3,49% para 3,45%.
Há um mês, estava em 3,48%. Já a projeção para o índice em 2019 passou de 4,03% para 4,00%. Quatro semanas atrás, estava em 4,07%.
A projeção dos economistas para a inflação em 2018 está próxima do piso da meta deste ano, cujo centro é de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 3,0% a 6,0%). Para 2019, a meta é de 4,25%, com margem de 1,5 ponto (de 2,75% a 5,75%).
Na quinta-feira passada (10/05), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA subiu apenas 0,22% em abril, abaixo do que era esperado pelo mercado. No acumulado do ano, o índice de preços avançou 0,92%.
Também com influência sobre as projeções de inflação do mercado, o dólar à vista acumula alta de 2,74% em maio e de 8,59% em 2018.
Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgados em março, o BC havia projetado o IPCA em 3,8% ao fim de 2018 e em 4,1% ao final de 2019, considerando o cenário de mercado.
No Focus agora divulgado, a inflação suavizada para os próximos 12 meses passou de 4,12% para 4,21% de uma semana para outra – há um mês, estava em 4,02%.
Entre os índices mensais mais próximos, a estimativa para maio de 2018 foi de 0,32% para 0,33%. Um mês antes, estava em 0,32%. No caso de junho, a projeção passou de 0,26% para 0,28%, ante 0,22% de quatro semanas antes.
O Relatório de Mercado Focus indicou, ainda, elevação na projeção para os preços administrados em 2018. A mediana das previsões do mercado financeiro para o indicador este ano foi de alta de 5,00% para aumento de 5,20%.
Para 2019, a mediana seguiu em elevação de 4,44%. Há um mês, o mercado projetava aumento de 5,00% para os preços administrados neste ano e elevação de 4,50% no próximo ano.
As projeções atuais do BC para os preços administrados indicam elevações de 4,8% em 2018; 3,8% em 2019; e 4,0% em 2020. Estes porcentuais foram atualizados no Relatório Trimestral de Inflação divulgado no fim de março.
PIB EM QUEDA
O mercado financeiro reduziu suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2018. A expectativa de alta para o PIB este ano foi de 2,70% para 2,51%.
Há quatro semanas, a estimativa era de crescimento de 2,76%. Para 2019, o mercado manteve a previsão de alta do PIB de 3,00%, mesmo patamar de quatro semanas atrás.
No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado pelo BC no fim de março, a autoridade monetária manteve sua projeção de alta do PIB deste ano em 2,6%. Já a expectativa do Ministério da Fazenda é de 3,0%. Na próxima quarta-feira (16), o Banco Central deve divulgar os dados de seu Índice de Atividade (IBC-Br) referente a março.
No relatório Focus agora divulgado, a projeção para a produção industrial de 2018 passou de alta de 3,81% para avanço de 3,80%. Há um mês, estava em 3,97%. No caso de 2019, a estimativa de crescimento da produção industrial seguiu em 3,50%, igual ao verificado quatro semanas antes.
A pesquisa mostrou ainda que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2018 seguiu em 55,00%. Há um mês, estava no mesmo patamar. Para 2019, a expectativa permaneceu em 57,00%, também igual ao verificado um mês atrás.
SELIC
Para alcançar a meta, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 6,50% ao ano. Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC aumenta a Selic, a meta é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Quando o Copom diminui os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação. Para cortar a Selic, o BC precisa estar seguro de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.
Nesta semana, o Copom realiza a terceira reunião do ano, com expectativa de que a Selic tenha o último corte do atual ciclo de reduções.
Para o mercado financeiro, a Selic será reduzida em 0,25 ponto percentual, indo para 6,25% ao ano, conforme indicado pelo BC, em março. Em 2019, a expectativa é que a Selic volte subir e encerre o período em 8% ao ano.
DÓLAR
Para especialistas, a recente alta do dólar não deve fazer com que o BC mude a estratégia de reduzir a Selic. Na última sexta-feira (11/05), o dólar chegou a R$ 3,60, o maior valor em quase dois anos.
Na visão de economistas, o efeito da alta do dólar na inflação deve ser um pouco menor do que normalmente é observado porque a economia ainda está em recuperação.
De acordo com analistas, a alta do dólar ocorre devido à expectativa de aumento mais intenso dos juros nos Estados Unidos, o que o que atrai dinheiro para economias avançadas, provocando a fuga de capitais financeiros de países emergentes, além das incertezas sobre as eleições no Brasil e a crise na Argentina, com pedido de empréstimo ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Na última sexta-feira, para segurar a cotação da moeda americana, o BC anunciou ajustes nos leilões de swaps cambiais, equivalentes à venda de dólares no mercado futuro, além de informar que fará oferta adicional de contratos de swap cambial.
Para as instituições financeiras consultadas pelo BC, o dólar deve encerrar 2018 em R$ 3,40. Na semana passada, a estimativa era R$ 3,37. Para o fim do próximo ano, a estimativa segue em R$ 3,40.
*Com Agência Brasil
FOTO: Thinkstock
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