09 de outubro, 2024

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À espera de janela para IPO, St. Marche usa caixa para expansão ‘pé no chão’

Imagem: Divulgação - St Marche

Talita Nascimento

De olho numa entrada na Bolsa para angariar recursos, a rede de supermercados premium St. Marche tenta calibrar a velocidade de expansão de acordo com as condições de mercado. A companhia inaugura nesta quinta-feira (29) a 27ª loja da bandeira e prevê terminar o ano com 30 pontos de venda, se consideradas também as unidades da marca Santa Maria. A meta é alcançar 45 estabelecimentos em dois anos e meio. A companhia, porém, vê espaço para chegar a 110 pontos, número que seria atingido mais rapidamente se conseguir realizar uma Oferta Inicial de Ações (IPO, na sigla em inglês).

Rede de varejo cresce 50% em dois anos

Controlada pelo fundo de investimentos L. Catterton – que investiu R$ 226 milhões, por 52% do negócio, em 2016 – a companhia afirma que tem sustentado seu ritmo atual de crescimento com caixa próprio. Desde 2021, acrescenta à rede de quatro a cinco lojas por ano e, em dezembro, terá acumulado um crescimento de praticamente 50% no período de dois anos.

O CEO do St. Marche, Bernardo Ouro Preto, não vê problema em manter esse crescimento que, apesar de mais modesto, está em linha com o perfil e o tamanho da companhia. “Hoje não crescemos mais para manter a proximidade com nosso cliente”, afirma Ouro Preto. “O maior risco de crescer mais rapidamente é perder a cultura da empresa.”

Segundo ele, no ritmo de avanço atual, ainda é possível expandir migrando lideranças de lojas mais antigas para as novas,  com o objetivo de manter as principais características do negócio. Em um eventual crescimento mais rápido, isso seria mais difícil de se administrar.

O Centro de Distribuição da companhia, localizado na cidade de Jandira (SP), suporta mais um ano de expansão da empresa, até 35 lojas a cerca de 100 quilômetros de São Paulo, como é o caso da cidade de Campinas. Esse ano a mais de crescimento coincide com o período em que o executivo estima que o mercado possa estar mais favorável para IPOs em geral.

Sem IPO, ritmo de avanço será mais lento

“Até janeiro, estamos observando. Depois, quem quer que seja o próximo presidente do País, o Brasil vai crescer. Eu esperaria que entre o final de 2023 e o início de 2024 o mercado começaria a melhorar”, afirmou. Caso a oferta não aconteça nesse prazo, as 110 lojas pretendidas e a ampliação do centro de distribuição não saem do radar, mas virão de forma mais lenta. “Não tenho pressa”, diz Ouro Preto. A rede ensaiou um IPO em meados de 2021, mas plano não avançou em razão das condições de mercado.

Por enquanto, aliás, a empresa não faz planos para além de 100 quilômetros de São Paulo. Ouro Preto diz que os novos pontos comerciais são escolhidos por meio de dados que indiquem regiões com públicos de comportamento de compras similares ao de lojas maduras da rede. Assim, ainda é complexo para a empresa prospectar crescimento em outros Estados, já que os hábitos de consumo mudam de uma região para outra, ainda que a varejista mire as mesmas faixas da população, no caso, as classes A e B.

Para o executivo, três pontos são fundamentais para garantir o sucesso da rede: qualidade dos produtos perecíveis, atendimento e inovação no oferecimento de linhas de produto e locais de experiência do cliente.

Empresa faturou R$ 1 bilhão em 2021

Segundo dados de um relatório do Credit Suisse, assinado pelas analistas Marcella Rechia e Fernanda Sayão, uma loja St. Marche requer R$ 11 milhões de investimento, já incluindo a necessidade de capital de giro, e gera, em média R$ 40 milhões em vendas e R$ 4 milhões de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em sua fase madura.

A execução das lojas da rede é elogiada por analistas de mercado financeiro. A varejista é apontada como um dos principais concorrentes da bandeira Pão de Açúcar. “Em última análise, o St. Marche gera maior produtividade de loja de R$ 60 mil por m² em comparação aos R$ 24 mil por m² do GPA Brasil em base pro-forma (excluindo os hipermercados do Extra da conta), com penetração digital de 8% a 9% das vendas, amplamente em linha com o GPA Brasil”, escrevem as analistas do Credit Suisse. Em 2021, o St. Marche registrou vendas brutas de R$ 1 bilhão, com vendas em mesmas lojas subindo 35% em dois anos. Além disso, o Ebitda ajustado (no padrão ex-IFRS16) atingiu R$ 61 milhões, com margem de 6,8%.

 

Esta nota foi publicada no Broadcast+ no dia 28/09/2022, às 15h03

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