No cenário competitivo do varejo supermercadista, a gestão fiscal é um dos pilares fundamentais para o sucesso das operações. Com a crescente complexidade das regulamentações tributárias, os supermercados enfrentam desafios significativos para manter suas atividades em conformidade com as leis fiscais e evitar penalidades que possam comprometer sua competitividade.
Em entrevista ao portal SuperVarejo, Fernanda Prezzoto, gerente Fiscal de Impostos e Planejamento Tributário do Lopes Supermercados, rede com 30 unidades no Estado de São Paulo, destacou a importância da área fiscal para o setor supermercadista, abordando as complexidades envolvidas na gestão tributária e as recentes alterações no Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).
Fernanda explica que o NCM é uma ferramenta essencial na área tributária, utilizada para determinar os impostos e tributos aplicáveis a cada produto. A correta classificação dos itens com base no NCM é crucial para evitar penalidades fiscais e garantir que o varejista pague os tributos corretos. “Uma vez classificado errado, a empresa pode incorrer em uma tributação inadequada, resultando em multas ou pagamentos indevidos, impactando diretamente a competitividade e os resultados do negócio”, afirma.
Ela exemplifica com uma recente alteração na classificação dos frangos, onde uma nomenclatura única foi desmembrada em várias, como coxa, sobrecoxa, fígado e moelas. Segundo Fernanda, o varejista deve acompanhar essas mudanças publicadas, geralmente pela Receita Federal ou outras entidades fiscais, e ajustar seus cadastros de produtos conforme as definições da indústria.
Desafios na adaptação às mudanças tributárias
Um dos principais desafios enfrentados pelo varejo é a rápida adaptação às mudanças nas normativas fiscais, que frequentemente ocorrem sem aviso prévio e podem causar impactos operacionais significativos. “Se uma norma passa despercebida e não é aplicada corretamente, as notas fiscais podem não ser aprovadas pela Secretaria da Fazenda, travando as operações do varejo”, alerta Fernanda.
Ela destaca que, no Lopes Supermercados, há uma equipe robusta de 25 pessoas dedicadas à gestão fiscal e ao monitoramento de mudanças tributárias, com apoio de sistemas avançados como o SAP. No entanto, reconhece que nem todos os supermercados possuem essa estrutura, e as pequenas operações podem sentir ainda mais os impactos das alterações fiscais.
Para supermercados que não dispõem de uma equipe fiscal interna, Fernanda recomenda buscar parceiros e consultorias que possam oferecer suporte e orientação. “É crucial que o supermercadista entenda a importância da área tributária e não a veja apenas como uma obrigação burocrática. A área fiscal é estratégica e impacta diretamente nos resultados da empresa”, afirma.
Ela sugere também que os varejistas participem de fóruns e comitês tributários para se manterem informados sobre as mudanças e tendências fiscais. Além disso, é importante que o supermercadista questione seus parceiros e fornecedores sobre indicadores e prazos, garantindo uma gestão fiscal mais eficiente e alinhada com as necessidades do negócio.
Olhar estratégico e planejamento tributário
Fernanda enfatiza que a gestão fiscal deve ser vista como um pilar estratégico dentro das empresas do setor supermercadista. “Os resultados das ações fiscais executadas hoje serão sentidos nos próximos cinco anos, então é fundamental ter um planejamento tributário robusto e uma equipe ou parceiros que acompanhem de perto todas as mudanças”, finaliza
https://www.supervarejo.com.br/entrevista/a-importancia-da-gestao-fiscal-no-setor-supermercadista
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