Uma geração chega às empresas com outra postura frente aos desafios
MARCELO APOVIAN
29.03.18
Não basta ser honesto. Há de se parecer honesto. Assim é em muitas virtudes e fatos. Uma organização precisa ser, em essência, transparente, competitiva, honesta e alinhada aos novos tempos. A percepção desses atributos pelos seus stakeholders impacta diretamente seus resultados.
Com a economia reagindo, o mercado já se movimenta ofertando oportunidades de emprego mesmo no topo da pirâmide. Muitas organizações buscam agora o perfil inovador, que tenha desenvoltura e esteja pronto para implementar novos negócios e projetos mais ousados.
Vamos transitando, aos poucos, da gestão do caixa e dos cortes de pessoal para a retomada de contratações e da adequação rápida da operação para um mercado mais comprador.
Existe uma transformação em processo. Nas relações de trabalho, na forma de entregar valor, a era digital se impondo a cada dia e alterando rotinas. E existe o dia a dia acontecendo, com os caminhos tradicionais. O mundo não muda em um clique e não se trata de um cenário de cataclismo, mas o futuro chega e tanto organizações quanto os profissionais precisam se preparar para atuarem em novo palco.
Novos negócios e tecnologias revolucionárias estão em ebulição neste exato momento nos grandes centros de inovação pelo mundo, um movimento que o Brasil precisa acompanhar.
Enquanto muitos países há décadas desenham o futuro e ousam na criação de protótipos, investem em pesquisa e educação e criam cidades para testarem novas tecnologias e surpreenderem com soluções criativas, nosso país luta para respirar e superar uma profunda crise política e moral. Temos grandes talentos no Brasil.
Profissionais bem formados e executivos com valor, capazes de entregar excelentes resultados. Mas eles estão prontos para atuarem em um mundo onde tudo se renova a cada dia? A planilha de metas e transformações que precisam ser promovidas caminham juntas, igualmente prioritárias.
Temos nossos representantes mais ousados e inovadores. Algumas empresas nacionais, como figuram entre as empresas mais inovadoras da América Latina, segundo a revista norte-americana Fast Company. Para sermos competentes nesta nova realidade em que a lógica e a tecnologia permeiam todos os níveis da organização e das nossas vidas, precisamos nos repaginar também na forma de conduzir os negócios, no interagir com colegas, chefias e parceiros.
Um artigo publicado pelo World Economic Forum, em 2016, já traduzia esta nova economia mundial e despertava a reflexão sobre o futuro do trabalho e das companhias. Lá se destacava a transição da geração de produtos para serviços por meio dos softwares. Citava a Airbnb e o Uber como exemplos do que estava acontecendo no mundo. Temos uma geração chegando às empresas com outra postura frente aos desafios e ao que se espera de plano de carreira, realização pessoal, conceito de mobilidade e de propriedade.
Com 45 anos de idade e 13 como headhunter, sou da geração em que as pessoas sonhavam em trabalhar em bancos e na Ambev. Hoje, esse padrão não existe mais.
A vontade de ter um propósito e deixar um legado é maior do que ficar rico trabalhando longas horas diárias. Essas empresas, que eram cases na atração de talento, já não são mais sedutoras como no passado recente.
Marcelo Apovian é sócio-diretor da Sgnium Brasil
marcelo.apovian@signium.com.br
https://www.dci.com.br/opiniao/artigo/a-inovac-o-precisa-acontecer-de-fato-1.694574
Comentários