Por: Elio Gaspari
O “Posto Ipiranga” colocou-se num processo de autofritura. Suas declarações demófobas contra as mulheres que trabalham nas casas dos outros e os servidores públicos, revelam o destempero pessoal de uma mente autoritária e ególatra.
Deixando-se de lado a retórica de Paulo Guedes (o que não é pouca coisa), o maior problema da quitanda do ministro está na entrega de berinjelas à freguesia. A contração da indústria e a queda das vendas do varejo em dezembro são fatos reais.
Os servidores poderiam ser parasitas e as domésticas poderiam ser proibidas de ir à Disney e a economia continuaria andando de lado. Se isso fosse pouco, Mansueto Almeida, o quadro mais qualificado de seu ministério, está com um pé e a alma fora do governo.
Guedes acumulou poder anexando órgãos da administração pública.
O oposto do que fez Delfim Netto, o mais poderoso ministro da Fazenda dos últimos cem anos. Delfim nunca anexou repartições.
Ele colocava seus valets nos postos-chave e operava das seis da manhã à meia-noite.
Além disso, era coloquial até mesmo quando enrolava a audiência (na crise da dívida, por exemplo). Aulas como as do seminário ambulante de Paulo Guedes, Delfim nunca deu.
A fritura de Guedes tem aspectos de uma auto- combustão. A reforma tributária do ministro tornou-se um Rolls-Royce sem motor, lindo quando parado, mas sem a CPMF.
A administrativa foi envenenada numa proeza de Asmodeu. Ele conseguiu viciar uma discussão sobre algo que não afetará os servidores que estão em atividade hoje.
Sabendo-se que a máquina pública funciona mal, travar essa discussão equivale a dizer ao doente que ele não deve pensar em ir a um hospital.
Guedes, como todo “Posto Ipiranga”, está em cima de um depósito de combustível e, ao contrário do que dizia Tiririca, pior fica.
Laurita Arruda
http://blog.tribunadonorte.com.br/territoriolivre/a-resposta-de-guedes-precisa-ser-em-economes/
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