Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
Quanto mais nos aproximamos do fim da crise, um pouco mais distante ele parece estar. Assim pode ser resumida uma das conclusões mais notáveis da pesquisa Os brasileiros, a pandemia e de covid-19 o consumo, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com o Instituto FSB Pesquisa. As expectativas parecem ter piorado.
Em julho de 2020, quando o Brasil e o mundo, ainda um tanto atônitos com aspectos desconhecidos da pandemia de covid-19, buscavam os meios mais eficazes para conter sua disseminação enquanto não se descobrissem vacinas contra ela, 61% dos entrevistados acreditavam em retomada rápida da economia. Entre as pessoas entrevistadas entre os dias 16 e 20 de abril de 2021, 71% consideraram que a economia ainda vai levar um ano para se recuperar.
A lentidão da vacinação, quando são evidentes os sinais de recrudescimento da pandemia, é causa determinante desse aumento do pessimismo das pessoas: 83% dos entrevistados consideram que o ritmo da vacinação é lento. Das pessoas que ainda não foram vacinadas, 35%, ou mais de um terço, não têm expectativa de que sejam imunizadas ainda neste ano.
“Só a imunização em massa da população contra a doença recolocará o Brasil no caminho da retomada da economia, do dinamismo do mercado consumidor e na rota dos investimentos”, diz o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Esse momento, como reconhecem os entrevistados na pesquisa, parece distante. Segundo dados oficiais citados pela CNI na apresentação de sua pesquisa, apenas 13,2% da população foi vacinada. Entre os entrevistados na pesquisa, a porcentagem dos que tomaram a primeira dose da vacina cai para 9%; a dos que tomaram também a segunda, para 6%.
O custo da lentidão é alto para as famílias, para a economia em geral e para o País. É menor o temor da população com a perda de emprego (em julho do ano passado, 45% temiam ficar sem emprego; agora são 41%). Mas a renda continua sob risco. A pesquisa constatou que 32% dos trabalhadores perderam alguma parte de seu rendimento e 14% o perderam totalmente nos últimos 12 meses.
Nesse cenário, não é de estranhar que 71% disseram ter reduzido seus gastos desde o início da pandemia. E 37% acham que a redução será permanente. A saída, quando se chegar a ela, se mostrará mais apertada.
Foto: Bruno Kelly/Reuters
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