Cecília Delgado
A Americanas anunciou a conclusão do acordo entre seus principais credores financeiros para apoio à aprovação do Plano de Recuperação Judicial (PRJ) na Assembleia Geral de Credores (AGC), agendada para 19 de dezembro. O PSA (Plan Support Agreement) prevê a capitalização de R$ 24 bilhões, sendo R$ 12 bilhões pelos acionistas de referência e outros R$ 12 bilhões em conversão de dívida concursal por parte dos credores. A Americanas acredita que terá a adesão de mais de 50% dos credores ao PSA até a realização da AGC.
“Este acordo é um marco importante de nosso processo de Recuperação Judicial e um significativo progresso da Americanas no caminho para a nossa meta de emergir como uma empresa mais forte, mais competitiva, preservando a importante atividade econômica que representa e os milhares de empregos diretos e indiretos gerados em todo o país”, comentou Leonardo Coelho, CEO da Americanas.
Esse acordo foi fechado com cinco dos maiores credores das Americanas, os bancos Bradesco, Votorantim, Santander, Itaú e BTG Pactual, que representam 35% das dívidas da empresa. Banco do Brasil e Safra ainda não assinaram essa proposta. Como parte do acordo, também vão conceder R$ 1, 5 bilhão em créditos para a reestruturação. Este valor estará disponível por dois anos após a homologação do plano ou enquanto a Americanas estiver em supervisão judicial. Os credores financeiros que oferecerem esse seguro fiança terão acesso prioritário a uma parcela de R$ 1,5 bilhão do pagamento antecipado previsto no PRJ.
Além da renegociação das dívidas, a Americanas prevê a emissão de novas ações para capitalizar a companhia. A expectativa é que a medida injete até R$ 24 bilhões na empresa. A dívida atual chega a R$ 42,5 bilhões. Após a execução do plano de recuperação judicial, a Americanas espera que a dívida bruta fique em R$ 1,875 bilhão.
Após a fraude de resultados ser revelada no início deste ano, o trabalho de revisão e correção dos registros contábeis anteriores apontou um patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões e dívida líquida real de R$ 26,3 bilhões no final do ano passado.
Detalhes do acordo
A conclusão do acordo apresenta evolução de alguns dos termos do plano divulgado em março. Entre eles está a priorização do pagamento de credores que aceitem receber até R$ 12 mil à vista em cota única, logo após a aprovação do plano, além de alternativas especiais para os credores fornecedores da Classe 3. Além disso, serão reservados R$ 8,7 bilhões para pagamento de credores financeiros, através de leilão reverso de R$2 bilhões ou pagamento antecipado de créditos com desconto, que somam R$ 6,7 bilhões.
O PSA firmado com os credores traz também como condição que a Americanas obtenha, até a aprovação do Conselho de Administração para que o PRJ aditado estipule o preço por ação da capitalização. Caso sejam obtidas todas as aprovações necessárias, e, tendo em vista que a cada três ações emitidas no aumento de capital será conferido um bônus de subscrição com preço de exercício a valor simbólico (R$0,01), o preço de emissão de cada ação corresponderá a 1,33x ao preço médio de mercado por volume negociado nos últimos 60 dias até a véspera da data da assembleia.
A Americanas divulgou em novembro as demonstrações financeiras de 2022 e apresentou seu Plano Estratégico de Negócios, com previsão de geração de Ebitda de mais de R$ 2,2 bilhões em 2025. O Plano de Negócios está focado na força e na resiliência do canal físico, apoiado pela operação digital e pela oferta de serviços financeiros customizados da Ame. Segundo o comunicado, essa transformação dará maior protagonismo ao DNA figital (físico + digital) da Companhia, gerando entregas consistentes aos clientes e parceiros, com todos os modelos possíveis de um varejo de variedades como a Americanas.
O plano, que já está em curso, promove maior assertividade nos produtos para revenda, assim como novos modelos de precificação e modulação de sortimento para ampliar as vendas no canal físico e a margem bruta da Americanas. Outros pilares importantes são a renovação das lojas físicas, a otimização dos custos de ocupação e revisão de processos para oferecer excelência na jornada dos consumidores.
Além disso, a plataforma digital da Americanas terá também foco no marketplace e no Online to Offline (O2O), para oferecer mais sortimento e conveniência para os clientes da Americanas em todo o país. A Ame atuará como alavanca para o fortalecimento da marca Americanas, com ampliação de seu programa de loyalty para aumentar o engajamento de clientes, além de estímulo ao cashback e meios de pagamento.
“Acreditamos que, com este plano, a Americanas estará pronta para renovar seu papel de relevância no varejo brasileiro. Não será fácil, não será simples, mas será feito”, afirma Leonardo Coelho, CEO da Americanas.
https://consumidormoderno.com.br/2023/11/27/americanas-plano-recuperacao-judicial
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