09 de outubro, 2024

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Cerca de 50% da população da cidade de SP vive com algum grau de insegurança alimentar, aponta estudo

Ao menos 50,5% da população da cidade de São Paulo, o que equivale a 5,8 milhões de moradores, vivem com algum tipo de insegurança alimentar, aponta um estudo realizado pelo Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional da capital em parceria com o Observatório de Segurança Alimentar e Nutricional da Cidade de São Paulo (OBSANPA) e da Unifesp e da UFABC.

Segundo o IBGE, a capital tem 11,45 milhões de habitantes. O estudo considerou moradores que residiam em domicílios com:

  • Insegurança alimentar grave: em que se experienciava a fome, ou seja, em que foi constatada a ruptura nos padrões de alimentação devido à falta de dinheiro para adquirir alimentos. Este grupo equivale a 12,5% da população, ou 1,4 milhão de pessoas;
  • Insegurança alimentar moderada: em que foi constatada a redução quantitativa de alimentos. O grupo equivale a 13,5% da população, ou 1,5 milhão de pessoas;
  • Insegurança alimentar leve: domicílios nos quais foi constatada a preocupação ou a incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro próximo. Esta fatia equivale a 24,5% da população, ou 2,8 milhões de pessoas.

O estudo foi feito com base em dados do IBGE da população e com 3.300 entrevistas realizadas em nove áreas da capital entre maio e julho de 2024.

Considerando os domicílios em insegurança alimentar grave:

  • em 65,5% do total, os moradores deixaram de comprar alimentos para pagar contas;
  • 36,6% dos domicílios fizeram empréstimos, usaram cartão de crédito ou parcelaram a compra de alimentos;
  • 40,4% dos domicílios deixaram de comprar comida para pagar passagem de transporte público;
  • 49,2% tiveram dificuldade de comprar gás para cozinhar;
  • em 38,6% desses domicílios moradores afirmaram fazer alguma coisa que causou vergonha ou constrangimento para conseguir comida.

Neste grupo, considerando alimentos básicos como arroz, feijão, verduras, frutas, carne e leite, ao menos 68,9% dos entrevistados disseram ter acesso a frutas menos de duas vezes por semana.

Fome por região

Segundo o estudo, 72% das pessoas com insegurança alimentar grave se concentram nas periferias de São Paulo. Quando separados por região, a maioria está em bairros da Zona Leste, como Ermelino Matarazzo, Cangaíba, Ponte Rasa, Vila Jacuí, São Miguel, Vila Curaçá, Jardim Helena, Itaim Paulista, Itaquera, Lajeado, Guaianases, Cidade Líder, José Bonifácio, Parque do Carmo, Cidade Tiradentes, Aricanduva, São Mateus, Iguatemi, Sapopemba e São Rafael.

Nesses bairros, o total de pessoas vivendo com fome chega a 446.506 mil.

A pesquisa também considerou as moradias dos entrevistados: quanto mais precária a moradia, maior a privação de alimentos: 73,3% dos domicílios classificados como habitações improvisadas e 44,9% dos domicílios inseridos em áreas ocupadas (ocupação ou invasão) passavam fome.

A região central da cidade teve o menor número de domicílios com insegurança alimentar grave. Ainda assim, o total chegou a 41.544 pessoas.

O que diz a Prefeitura de SP 

Em nota, gestão municipal diz repudiar “o uso irresponsável e eleitoral de um assunto tão sério como a segurança alimentar e combate à fome.”

Na avaliação da prefeitura, o levantamento contraria dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que, em 2023, apontou 1,37 milhão de pessoas no estado de São Paulo em situação de insegurança alimentar grave.

“É descabida, portanto, a indicação de que na cidade de São Paulo haveria mais pessoas nessa condição.”

No texto, a gestão de Nunes ainda alega que as ações de segurança alimentar da Prefeitura de São Paulo estão inseridas no maior programa de acolhimento e proteção social da América Latina, reconhecido como exemplar pela embaixadora da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), Carla Barroso, durante visita do prefeito Ricardo Nunes ao Vaticano neste ano.

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2024/09/22/cerca-de-50percent-da-populacao-da-cidade-de-sp-vive-com-algum-grau-de-inseguranca-alimentar-aponta-estudo.ghtml

 

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