12 de outubro, 2024

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Com Libras, surdos deixaram de ser invisíveis

Houve um tempo, poucas décadas atrás, em que famílias com filhos surdos os escondiam numa reação de proteção às críticas da sociedade, por considerá-los fora dos padrões estabelecidos como “normais” para a época. O tempo passou e os surdos foram superando barreiras, conquistando objetivos, levando a sociedade a enxergá-los e respeitá-los, proporcionando a merecida inclusão a essa parcela da população.

Tanto que há 21 anos foi promulgada a Lei nº 10.436, que, juntamente com o Decreto nº 5.626/05, reconhecem a Libras (Língua Brasileira de Sinais) como meio de comunicação objetiva e de utilização das comunidades surdas do país. A legislação levou também à adaptação dos currículos dos cursos de licenciatura, para inclusão de Libras em suas grades.

Ao mesmo tempo em que as mudanças na legislação proporcionaram a inclusão, quebrando as barreiras da comunicação entre ouvintes e surdos e, de certa forma, também do acesso ao desenvolvimento e à própria cidadania, criaram grande demanda por profissionais com formação em Libras.

A formação de profissionais deve ser realizada em cursos específicos de nível superior de Libras – tradução e interpretação. Devido à escassez de cursos específicos, outra forma de capacitar profissionais tem sido por meio de cursos de extensão e formação continuada, o que não é suficiente para suprir as carências das instituições, principalmente as de ensino.

Há pelo menos 14.500 sinais em Libras, segundo o dicionário. Para um leigo, pode parecer impossível aprender, mas os especialistas orientam que dois passos básicos são essenciais no processo: associação e repetição. Aprendendo de 10 a 20 sinais por dia, ao final de uma semana aprende-se mais de 100, o que já é bastante coisa. Aí é aumentar o vocabulário e buscar a fluência.

Atendimento em libras aproxima o varejo do consumidor com deficiência auditiva

Um desses cursos de capacitação é oferecido pelo NURAP (Núcleo de Aprendizagem Profissional e Assistência Social), importante parceiro do Coexistir na inclusão no mercado de trabalho. Fundado pelo Rotary Club de São Paulo (Brooklin e Morumbi) em 1987, o Núcleo atua na capacitação e inclusão no mercado de trabalho e hoje em dia expandiu as atividades para a indicação de adolescentes, jovens e pessoas com deficiência para cursos e encaminhamento a vagas, inclusive os que participam da capacitação em Libras.

O NURAP sobrevive graças aos cerca de 430 parceiros (voluntários e empresas) comprometidos com a diversidade, que possibilitam que os serviços ofertados − capacitação profissional e laboral, palestras e treinamentos em diversidade, recrutamento e seleção − também ajudem outras empresas a cumprir as cotas, tanto de jovens aprendizes quanto de pessoas com deficiência.

“O número pode impressionar, mas o objetivo é sempre buscar mais apoiadores, porque as demandas só aumentam”, avalia Rosemeire Andrade, especialista em educação e gerente de Inclusão do NURAP. O público atendido pelo NURAP e suas iniciativas inclui também profissionais trans e LGBTI+, refugiados e imigrantes, povos indígenas e pessoas 45+, dentre outros.

“Os maiores desafios estão em conscientizar para uma inclusão sem discriminação e que as empresas ofereçam vagas e contratem conscientes do seu papel para a diversidade”, diz Rosemeire. “Nesse sentido, é fundamental ter intérpretes, pois assim eliminamos as barreiras da comunicação com o surdo. O NURAP possui hoje uma equipe de 5 intérpretes, além de parceiros que prestam serviços sob demanda, o que juntamente com os cursos se tornou uma fonte de renda para o Núcleo”, conclui Rosemeire.

Os milhares de sinais do dicionário de Libras são pouco para traduzir o benefício de instituições como o NURAP para a melhoria da vida das pessoas surdas. Mas o curioso é que, quando não existe um sinal específico, é possível criar. Foi assim para o sinal em Libras para a consultoria Coexistir, desenvolvido por um profissional do NURAP, e que representa pessoas de mãos dadas, unidas formando uma barreira.

“O sinal representa o propósito do Coexistir, que é atuar junto com parceiros como o NURAP para a construção de uma cultura de inclusão e respeito à diversidade humana, unindo esforços e criando uma barreira contra o preconceito e o desrespeito”, diz Maria de Fátima e Silva, coordenadora do Coexistir. Clique aqui e conheça o símbolo.

 

Mais informações sobre o NURAP e como apoiar: https://nurap.org.br/

 

Thais Abrahão – Presstalk Comunicação

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