(*) Alvaro Furtado
Passada a turbulência do período eleitoral e com o novo presidente já empossado, o debate se volta agora aos desafios que o aguardam, entre eles o enfrentamento da alta do custo de vida das famílias. Sabemos que os auxílios amenizam temporariamente a situação dos mais necessitados, mas têm data para acabar. Ainda assim, programas sociais são indispensáveis, em patamar condizente com a necessidade, até que a nossa economia volte a crescer.
O assunto é importante, porém é unanimidade entre os especialistas que o governo eleito não deve se ater somente a artifícios instantâneos de estímulo econômico. A prioridade deve ser realizar os ajustes estruturais e, para tanto, é imprescindível a união de quem lutou em lados opostos de um pleito eleitoral, independentemente de quem vencer.
Com os ataques reiterados à democracia nos últimos anos e pela exaltação dos ânimos, essa união no Congresso não será fácil. Nessa luta do bem contra o mal, os mais prejudicados têm sido os brasileiros, sobretudo os mais de 30 milhões sem emprego e renda e não raro sem o básico para a sobrevivência.
A pandemia prejudicou a economia no mundo todo, em diferentes níveis, mas não pode ser desculpa eternamente. Deveria ser para todos nós um enorme constrangimento ver um brasileiro passar fome, por isso é urgente que se propicie uma recuperação estruturada e sustentável da economia, que melhore o ambiente de negócios e beneficie todas as camadas da sociedade.
Entre os desafios mais urgentes na área econômica, segundo os especialistas, estão: definir um novo modelo de controle de gastos públicos; retomar as reformas Administrativa e Tributária, com redução e simplificação gradativas de tributos ao longo dos próximos anos; avançar na agenda de desburocratização e qualificação de mão de obra, para propiciar a geração de empregos de melhor qualidade; manter a modernização garantida pela Reforma Trabalhista; recuperar investimentos em infraestrutura, com participação do setor privado; promover uma política de abertura comercial para impulsionar a internacionalização das empresas nacionais; participar do processo de transição energética global; apoiar os setores de turismo, eventos e entretenimento. E, claro, o controle de gastos públicos, pois a sociedade não suportará o aumento das receitas governamentais, advindas de maior carga tributária.
Como vemos, trabalho não vai faltar ao próximo presidente. Se não bastasse, ele terá que resgatar o poder de consumo dos lares. E a dignidade de muitos brasileiros.
Alvaro Furtado é presidente do Sincovaga-SP.