Motivados pela inflação em alguns itens, 82,8% dos consumidores brasileiros passaram a conferir com mais frequência os preços dos produtos antes de realizar a compra. É o que demonstra uma pesquisa recente realizada pela Opinion Box e pela Neogrid.
A maioria (58,9%) das pessoas entrevistadas afirma que sempre faz a comparação dos preços de diferentes marcas; 29,4% disseram que fazem com frequência e 10,7% responderam “às vezes”.
Além disso, três fatores se destacam como os mais importantes na decisão de compra:
- preço (65,7%);
- promoções e descontos (64%)
- e qualidade do produto (63%).
Conforme o levantamento, 84,6% levam mais itens quando os preços estão mais baixos; 83,3% acompanham as promoções de produtos específicos e 78,2% sempre procuram mercados que estão em promoção.
Para tentar evitar os efeitos da inflação nos produtos presentes no carrinho, a maioria (62,6%) dos entrevistados relata aumento de compra feita em atacarejos, modelo que mescla os segmentos de atacado e varejo e é marcado pelos preços mais baixos.
Quanto às compras realizadas em supermercados, aproximadamente 40% dos consumidores afirmaram que fazem compras menores, porém, várias vezes ao mês. Outros 34% fazem uma compra grande para o abastecimento do mês e apenas 19% fazem duas compras maiores para o período.
De acordo com levantamento realizado pela Horus, empresa do Ecossistema Neogrid, o consumo nos lares brasileiros no primeiro semestre de 2024 apresentou retração frente ao mesmo período do ano passado. O indicador registrou queda de 7,3% no gasto médio por compra e de 7,5% na média de itens levados.
Já a Smarket, outra empresa integrante do Ecossistema Neogrid, aponta as cinco categorias mais “promocionadas” nas lojas físicas no primeiro semestre deste ano. São elas:
- Hortifrúti;
- Carne bovina;
- Bebidas não alcoólicas;
- Limpeza;
- Higiene e beleza.
A maioria (82%) das pessoas entrevistadas relatou que reduziu o consumo de algum item por causa do preço. Dentre os produtos, os destaques ficam para o azeite e as carnes, com 54,8% e 41,3% dos consumidores afetados pelos altos preços, respectivamente.
Compras em lojas físicas
Dentre os diferentes modelos presentes no varejo supermercadista, o tipo mais frequentado, conforme o estudo, foi o dos supermercados tradicionais, com 34,4% dos consumidores; seguido pelo atacarejo ou atacado (30,1%). Em seguida aparecem hipermercados e grandes redes (24,3%) e mercados de bairro (10,7%).
Para a maioria (82,9%) dos respondentes, os atacados e atacarejos são os mais baratos; 73,1% disse que esse modelo possui maior variedade de produtos e 56,9% consideram que os produtos comercializados neste tipo de loja têm maior qualidade.
Conforme análise da Horus, as redes de atacarejo apresentaram mais que o dobro da média de itens dos demais modelos, com 26,8 produtos contra 11,3 no caso dos hipermercados e supermercados.
Já as bandeiras de pequeno e autosserviço registraram as maiores quedas em média de itens (-21,6%) e em tíquete médio (-13,6%) no primeiro semestre deste ano frente ao mesmo período de 2023.
Loja física versus e-commerce
O estudo apontou para um equilíbrio quanto à preferência por compras físicas ou on-line, com pouco mais da metade (51,1%) das pessoas realizando todas as compras presencialmente. Além disso, mais de 67% consideram importante a experiência de compra em lojas físicas, sendo que 39,9% dos consumidores definiram como muito importante.
A chance de encontrar preços mais baixos é um dos principais motivos para que 34,6% dos consumidores entrevistados realizem suas compras on-line. Outros 32,3% são motivados por promoções exclusivas e 29,1% apontam para o fato de não precisar sair de casa.
Mais da metade (56,4%) dos participantes da pesquisa relatam fazer compras on-line mensalmente; já 31,2% disseram que fazem compras semanalmente na internet. Apenas 8,4% das pessoas relataram que raramente utilizam esse meio e 4% compra todos os dias.
Além do melhor preço, fatores relacionados ao tempo de entrega, disponibilidade do produto também são apontados como decisivos no momento da compra. A maioria (58,7%) costuma verificar outro site que possa entregar o produto na própria localidade; 54% procuram pelo produto em outro site caso ele esteja indisponível e 49,2% já desistiram de comprar algo quando notou erro na descrição do produto.
Ainda sobre a disponibilidade de produtos no ambiente on-line, um levantamento realizado pela Lett, empresa do Ecossistema Neogrid, identificou que a categoria que apresentou a maior disponibilidade na primeira metade de 2024 foi a dos medicamentos (85%). Já a que registrou maior elevação frente ao mesmo período do ano anterior foi a de peixaria, com alta de 26,26 pontos percentuais (p.p.).
Por outro lado, as maiores rupturas no e-commerce brasileiro foram registradas nas categorias de açougue (47%) e limpeza (41%).
Entre os produtos mais buscados pelos consumidores nas compras on-line, os destaques foram: roupas e acessórios (47%) e alimentos e bebidas (46,5%). As demais categorias mais procuradas são: produtos de beleza (38,5%); eletrônicos (35,8%) e móveis e decoração (19,3%).
A pesquisa também aponta que as avaliações dos produtos impactam na decisão de mais de 96% dos entrevistados, sendo que 57,4% disseram que esse tipo de análise sempre gera impacto na decisão de compra.
Demanda dos consumidores por preços mais justos
O estudo ainda identificou uma oportunidade significativa na necessidade de maior transparência na composição dos preços dos produtos. A maioria (95,8%) dos consumidores disseram que ficariam mais satisfeitos se existisse mais transparência na formulação dos preços, ou seja, se soubessem o porquê dos custos de cada produto.
Além disso, 79,4% das pessoas não consideram justos os preços que pagam hoje nas compras e 51,5% acreditam que a Inteligência Artificial (IA) pode ajudar a gerar preços mais justos.
Conforme uma análise feita pela Predify, outra marca do Ecossistema Neogrid, a IA pode sugerir reduções de preços em cerca de 15% dos produtos, projetando um cenário onde uma rebaixa de 1% no preço pode resultar em receita e demanda 27% e 25% respectivamente maiores, quando comparadas aos resultados com o preço regular.
https://diariodocomercio.com.br/economia/consumidores-passam-conferir-precos-mais-frequencia/#gref
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