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Em SP, sinais de piora da inadimplência

Quando comparado ao restante do país, estado registra crescimento mais acelerado dos empréstimos para pessoas físicas desde 2016

 

Por Vitor França  27 de Agosto de 2019

| Economista da Boa Vista SCPC

 

*Com Flávio Calife, Economista da Boa Vista

 

O estado de São Paulo apresenta, historicamente, taxas de inadimplência inferiores à média nacional.

Considerando apenas as operações de crédito para pessoas físicas, a taxa média no estado entre julho de 2011 e junho de 2019 ficou em 3,8%, contra 4,2% quando são considerados os dados de todo o país, de acordo com o Banco Central.

Desde o início da recuperação – modesta, é verdade – dos empréstimos às pessoas físicas a partir de 2016, nota-se um ritmo de crescimento ligeiramente mais acelerado do saldo das operações de crédito em São Paulo quando comparado ao do saldo de todo o Sistema Financeira Nacional.

Este maior dinamismo do mercado de crédito no estado ajuda a explicar a retomada mais vigorosa do varejo paulista desde o pior momento da crise recente. Enquanto, entre setembro de 2016 – mês em que o setor atingiu seu menor nível de vendas desde o início da crise – e junho de 2019, as vendas do comércio varejista brasileiro cresceram 15,9%, no estado de São Paulo a alta foi de 21%.

O crescimento dos empréstimos no Brasil como um todo, contudo, não foi acompanhado por um aumento proporcional da renda, o que vem resultando tanto no aumento do endividamento quanto do comprometimento da renda das famílias com o pagamento de dívidas.

Em São Paulo, onde os empréstimos cresceram de forma mais acelerada, é provável que o quadro de endividamento também tenha se agravado mais rapidamente, com reflexos que já podem ser notados nos indicadores de inadimplência.

Segundo dados da Boa Vista, no estado, o indicador de registros de inadimplência de consumidores ainda recua no acumulado de 12 meses até junho (-1,2%), mas menos do que o índice nacional, que caiu 3% na mesma base de comparação. Na capital, porém, o indicador já apresenta alta expressiva (6,2%).

Dados da FecomercioSP, de abrangência municipal, vão na mesma direção. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), a proporção de famílias endividadas na capital paulista saltou de 51,2% em julho de 2018 para 55,7% em junho de 2019. A parcela de famílias com contas em atraso, por sua vez, passou de 19,6% para 20,2% no período.

No estado, dados do Banco Central mostram que a taxa de inadimplência das operações de crédito para pessoas físicas ainda recua em 12 meses (-0,06 p.p.), mas menos do que a média nacional (-0,12 p.p.). Quando são consideradas todas as operações de crédito (pessoas físicas e jurídicas), por outro lado, já se nota um aumento da taxa de inadimplência em São Paulo (+0,27 p.p.), enquanto, no Brasil, o indicador ainda apresenta queda (-0,11 p.p.).

Em artigo de junho publicado aqui mesmo no Diário do Comércio, já argumentávamos que, ante a frustração em relação à atividade econômica e a lenta recuperação do mercado de trabalho, crescia o risco de que a expansão dos empréstimos resultasse em aumento da inadimplência.

Os dados de São Paulo talvez sejam as primeiras evidências de que o recente – e breve – ciclo de expansão do crédito com redução da inadimplência já esteja próximo do seu limite.

É verdade que medidas aprovadas nos últimos meses, como a inclusão automática dos consumidores do Cadastro Positivo e a criação das Empresas Simples de Crédito, tendem a favorecer a expansão dos empréstimos a médio prazo.

O elevado nível de desocupação e subutilização da mão de obra e o fraco crescimento da renda, contudo, seguem como limitadores do aumento do crédito a curto prazo.

 

FOTO: Pixabay

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