16 de outubro, 2024

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Expansão da Spani acirra concorrência no setor de atacarejos

Desde 1972, quando o modelo de atacarejo chegou ao Brasil com a primeira loja do Makro, muita coisa mudou. Mas foi só a partir de 2014 que esse tipo de mercado se tornou uma alternativa para as famílias brasileiras.

Dados da Associação Brasileira dos Atacarejos (Abaas) apontam que o formato faturou R$ 300 bilhões no país em 2023, e hoje existem mais de 2 mil lojas em operação, sendo 162 delas inauguradas só no ano passado.

Em evolução constante, principalmente por conta das transformações da economia do país, o modelo de atacarejo tem ainda mais espaço para crescer. O formato tem penetração de 73% nos lares brasileiros (contra 71% em 2023, e 66% em 2022). É Tenda, Roldão, Atacadão, Assaí, Max, Spani, Comercial Esperança… são tantas redes que o consumidor tem um grande leque de opções para escolher.

De olho neste mercado, a Spani Atacadista, do Grupo Zaragoza, é uma das marcas que foca na expansão de sua capilaridade no mercado paulista. A rede inaugurou em junho mais uma unidade em Paulínia e, atualmente, conta com 42 lojas, sendo 40 no estado de São Paulo (seis na Capital) e outras 2 no Rio de Janeiro.

“Dentro do nosso plano estratégico, damos mais um passo para reforçar nossa marca e consolidarmos o crescimento da rede Spani no estado de São Paulo”, afirma Cléber Gomez, diretor presidente da rede.

Até 2025, a previsão de investimento do grupo na rede é de R$ 250 milhões, e contempla aquisição de imóveis, construção, equipamentos e capital de giro das novas lojas, além de revitalização, reformas e melhorias com novos serviços nas unidades já existentes. A meta de faturamento do Grupo Zaragoza é de R$ 4,5 bi.

Segundo Gomez, o público do Spani é o pequeno e o médio varejista, no sistema de autosserviço (cash & carry), e o consumidor final, com uma política de preço diferenciada. “A estratégia para nos diferenciarmos da concorrência é oferecer uma melhor experiência de compra, um bom atendimento e preços competitivos.”

VANTAGENS

O modelo atacarejo transformou-se significativamente nos últimos anos, e isso reflete a adaptação estratégica do mercado às novas demandas e comportamentos dos consumidores, segundo o diretor.

“A expansão para diversas áreas das cidades, a melhora na oferta e experiência de compra, e a combinação de preços competitivos com a maior variedade de produtos contribuíram muito para o crescimento deste segmento”, afirma.

Ele evita dizer que os atacarejos estão “roubando” clientes dos hipermercados, mas alega que a mudança na economia fez com os consumidores buscassem preços menores para o abastecimento de suas casas ou comércio.

“O atacarejo oferece preços mais em conta em razão das negociações em maior volume com a indústria”, explica.

Formato também tem aderência em cidades de porte menor, onde a indústria não consegue chegar diretamente

Para Eduardo Yamashita, diretor de operações da Gouvêa Ecosystem, ao analisar o mercado de uma forma mais generalista, o segmento de atacarejo continua mostrando o seu vigor e a sua aderência de modelo de negócio, mas principalmente de proposta de valor ao atual momento econômico e financeiro das famílias.

“Este é um formato com apelo muito grande nos momentos em que o orçamento familiar tende a ficar mais restritivo. Isso aconteceu em todas as crises em diversos países do mundo, e também tem acontecido no mercado brasileiro por conta da redução do poder de consumo das famílias, principalmente pelo forte crescimento da inflação de alimentos dentro do lar.”

Ele ressalta que trata-se de um modelo de negócio que tem sido testado amplamente nas últimas décadas, e que tem trazido um retorno muito relevante para os empresários. “O investimento é menor do que em um supermercado, por exemplo, e por isso gera muito interesse do mercado.”

PARTICULARIDADES

Particularmente no Brasil, os atacarejos têm um papel também bastante interessante, segundo o diretor da Gouvêa, por ser um canal importante de abastecimento de pequenos e até mesmo médios empresários, seja para a revenda ou para a transformação. “Quando a gente fala em transformação, estamos falando de pessoas que transformam para fazer alimentos, para fazer lanches, por exemplo, ou para abastecer seus restaurantes e seus pequenos negócios, como hotéis.”

Outro fator curioso apontado por Yamashita é que, pelo Brasil ter a característica de ser um país geograficamente continental, com uma infraestrutura limitada, esse formato de loja atende muito bem a cidades de porte menor. São locais que a indústria não consegue chegar diretamente e, muitas vezes, os próprios distribuidores também não atendem na plenitude do atacarejo.

Por isso, em vez de comprar de um distribuidor, onde é necessário fazer um pedido mínimo ou ter linha de crédito aprovada, o empresário de menor porte vê no atacarejo a melhor opção para seu negócio porque talvez não consiga se adaptar a outro cenário, destaca.

MARCAS

No levantamento da Abaas, em abril deste ano, o Brasil tinha 361 lojas do Atacadão, 288 do Assaí Atacadista, 258 do Grupo Mateus, 104 do Grupo Muffato e 43 da Tenda Atacado. A Spani segue com 42 lojas, e ainda com muito espaço a crescer.

Sobre a expansão e atuação da rede Spani, o consultor da Gouvêa analisa que, de uma maneira geral, os atacarejos competem pelo mesmo consumidor. Algumas marcas são mais orientadas ao consumidor final, outras ao B2B.

“A questão é que, apesar de terem enfoques diferentes, eles buscam esses mesmos consumidores, que estão na mesma jornada de compras e buscando a mesma proposta de valor”, diz.

Ele destaca ainda que o Brasil tem a característica de ter marcas regionais muito conhecidas pela população de determinada região. Analisando cidades do Nordeste, do Centro-Oeste e do Sul, existem algumas muito conhecidas localmente, porém menos conhecidas em nível nacional. No entanto, elas atendem àquela população e são bem relevantes na região.

Yamashita acredita que este seja o caso da rede Spani no interior de São Paulo: uma marca muito conhecida, tradicional e que tem um recall de marca bastante grande pelos seus consumidores nos mercados em que busca atender.

“Agora, o grande diferencial estratégico da Spani é que ela centraliza suas operações no estado mais rico do Brasil, uma área bastante pujante em termos econômicos, com o menor índice de desemprego do país, que tem uma concentração de renda muito importante e com uma densidade demográfica relevante para as operações”, analisa.

https://dcomercio.com.br/publicacao/s/expansao-da-spani-acirra-concorrencia-no-setor-de-atacarejos

 

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