O envelhecimento da população na América Latina mudou não somente a composição familiar, mas tem impactado o consumo e o varejo. Com a queda na taxa de natalidade e o aumento da expectativa de vida, desde 2018, os idosos de 65 anos representam quase ¼ de todos os domicílios de até duas pessoas na América Latina.
Já os millennials representam as novas famílias, com até dois filhos. Entre os millenials, 63% têm níveis socioeconômicos baixos. Mas à medida que a idade avança, a situação econômica melhora, o que tem impacto direto na forma de consumo.
Esses dois grupos compartilham o hábito de gastar menos com produtos de supermercado. “Os mais novos podem não ter rendimentos que lhes permitam gastar mais, embora tenham essa necessidade porque têm filhos, enquanto os idosos têm mais rendimentos, mas não priorizam esses itens em detrimento de outras comodidades, como saúde e entretenimento”, afirma Marcela Botana, Market Development Director Latam da Kantar.
Não apenas o nível de gastos muda, mas também como os grupos usam o seu orçamento. Enquanto a geração millennial tem uma frequência de compra até 3,6 menor do que a dos outros grupos, ela conta com um volume maior por viagem, de 7 unidades.
À medida que a idade avança, esse comportamento muda: a frequência de compras chega 3,8 vezes por semana, com um volume menor, de 6,5 unidades. Isso ocorre porque os baby boomers tendem a ter mais tempo livre e, assim, podem se dedicar para encontrar melhores ocasiões e preços.
Cesta de produtos
Outra diferença é na escolha das cestas de produtos. Os millennials concentram grande parte dos gastos no universo da higiene, que representa 13% de todo o orçamento – apenas a categoria de fraldas representa 5%. Entre os mais velhos, laticínios e bebidas ganham 8% de relevância em relação à média dos outros lares.
“Embora estejamos nos tornando cada vez mais semelhantes às economias desenvolvidas em termos de taxas de natalidade e expectativa de vida, temos uma disparidade econômica que permanece forte. Nosso PIB ainda é apenas ¼ do da Europa. Com isso, a América Latina é uma das primeiras regiões do mundo a vivenciar o envelhecimento sem ainda ter alcançado o status de economia desenvolvida, o que implica em desafios e oportunidades”, destaca Marcela.
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