A legislação brasileira tem possibilitado avanços importantes na criação de mecanismos capazes de detectar casos de assédio nas empresas, inclusive o sexual. Contudo, posto que uma lei não impacta instantaneamente o comportamento das pessoas, há dois fatores determinantes na área de Compliance que ajudam a ditar a transformação: a boa prática e a proibição da transgressão no discurso e nas ações da alta administração.
“Isso é chamado de ‘o tom que vem de cima’. A mudança cultural passa, necessariamente, por uma mudança de quem comanda as organizações. Diante de tantos casos de violência no trabalho, se quem está no comando não assumir o discurso e praticá-lo contra isso, nada funcionará”, adverte Mário Spinelli, diretor de Governança e Conformidade da Petrobras.
Spinelli enfatiza que, hoje, os principais ativos nas organizações são a imagem e a reputação. “A sociedade mudou de forma representativa contra comportamentos como violência sexual direcionada às mulheres, assédio moral e todos os tipos de discriminação. As empresas precisam se adaptar a isso. Agora, as pessoas se sentem mais confortáveis para denunciar. As organizações devem ter meios de detectar e punir os responsáveis. Ainda que a represália seja o último estágio, não podemos nos eximir desse dever.”
Em entrevista ao Canal UM BRASIL — uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) —, o executivo ainda salienta que a empresa que mostrar respeito às pessoas e promover um ambiente digno no trabalho se tornará preferência de bons profissionais e consumidores.
“A organização sem um olhar atento para isso vai perder mercado e tenderá a desaparecer, felizmente”, reforça. “Nesse mundo onde vivemos, muito conectado e com muito acesso à informação, cada vez mais a sociedade cobrará que o compromisso da empresa se transforme em atitude e ação prática. Se as empresas falharem, serão cobradas. O mercado precisa estar atento ao fato de que isso é um componente de valor”, conclui.
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