20 de abril, 2024

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Marcas se põem contra censura à diversidade

Wesley Gonsalves, O Estado de S.Paulo

O movimento de marcas do mercado brasileiro em apoio às causas da comunidade LGBTQIA+ vem crescendo na internet. O projeto de lei 504/20, atualmente em debate na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), que quer proibir peças publicitárias sobre diversidade sexual, fez emergir nas redes sociais inúmeras publicações de empresas que se posicionaram contra a iniciativa do Legislativo.

Grandes empresas aproveitaram o momento para levantar a bandeira da diversidade e reforçar seu posicionamento favorável a pautas sociais utilizando as hashtags “propaganda pela diversidade”, “LGBT não é má influência” e “abaixo o PL 504”. As campanhas fazem parte de uma iniciativa do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ em resposta ao PL da deputada estadual Marta Costa (PSD). O órgão é responsável por discutir os temas de diversidade em 108 companhias que atuam no Brasil.

“Nós, escritórios de advocacia signatários do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, manifestamos publicamente o nosso repúdio ao Projeto de Lei 504/20. Como defensores da pluralidade e da igualdade material das pessoas, repudiamos toda e qualquer tentativa de desclassificar e diminuir a população LGBTI+”, disse a entidade, em nota.

O movimento contra o preconceito ganhou força e envolveu marcas como Coca-Cola, Avon, Natura, Uber, Mercado Livre e O Boticário, entre outras. Todas usaram as redes sociais para cravar posicionamento em prol da diversidade.

A votação do PL foi adiada na semana passada e o retorno da discussão ainda não tem data para ocorrer. A justificativa da deputada para propor o projeto é que “o uso indiscriminado deste tipo de divulgação traria real desconforto emocional a inúmeras famílias, além de estabelecer prática não adequada a crianças que ainda sequer possuem, em razão da questão de aprimoramento da leitura (5 a 10 anos), capacidade de discernimento de tais questões”.

No Twitter, o Uber disse “celebrar o amor em todas as suas formas”. “Por isso, defendemos o papel das marcas de combater (…). Com mais amor, diversidade e celebrando o direito de existir. #PropagandaPelaDiversidade”, publicou o Uber com uma imagem de um carro acompanhado das cores do arco-íris, símbolo da comunidade LGBT+.

A rede social profissional LinkedIn também foi palco de discussões sobre o tema. Na sexta-feira, a diretora de vendas do LinkedIn na América Latina, Ana Moises, publicou em seu perfil uma mensagem de apoio à diversidade. “Representatividade importa sim, e as pessoas precisam poder se enxergar no mundo em que vivemos. Por isso defendemos que os anunciantes possam compartilhar conteúdos que sejam inclusivos para todos.”

Para o e-commerce Mercado Livre, o projeto prega o oposto da sua política interna. “Está em nosso DNA sermos abertos a novas experiências, formas de trabalho, ferramentas e equipes. Buscamos ser uma empresa que espelha a sociedade e nossos milhares de usuários”, disse o vice-presidente Senior do Mercado Livre no Brasil, Fernando Yunes.

Inconstitucional

Segundo a Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), o projeto na Alesp seria inconstitucional, uma vez que a competência para legislações referentes à publicidade é exclusiva da União. O órgão ainda classificou como censura medidas propostas no projeto. “É importante destacar que a publicidade reflete a sociedade em que está inserida, e a vedação proposta pelo PL caracteriza-se por censura de conteúdo, abrindo um precedente perigosíssimo para a liberdade de expressão”, diz a Abap, em comunicado.

Engrossando o caldo das empresas contrárias ao PL 504/20, o grupo Natura fez diversas postagens pela diversidade. Em 2020, a Natura escalou Thammy Miranda, um homem trans, para sua campanha publicitária de Dia dos Pais. O grupo informou ainda que ações de apoio à diversidade e inclusão fazem parte dos valores internos da companhia. “Quando nos deparamos com uma tentativa de esconder pessoas LGBTQIA+ da publicidade, precisamos levantar a voz e dizer que não aceitaremos censura e retrocesso.”

Boticário também endossou a campanha contra a proibição de conteúdo LGBT+. A empresa relembrou que desde 2015 veicula peças publicitárias protagonizadas por casais homossexuais. “O Boticário entende que sua comunicação precisa ser plural e abrangente para retratar toda a diversidade de um povo igualmente diverso como o brasileiro”, diz o diretor de comunicação e marca do Grupo Boticário, Gustavo Fruges.

Foto: Helvio Romero/Estadão

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