10 de setembro, 2024

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Não é hora para carnaval

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

 

Uma nova onda de covid-19 espalha-se pelo País. Na última terça-feira, foram registrados mais 80.603 casos da doença, contribuindo para elevar em 138% a chamada média móvel, na comparação com duas semanas antes. A média móvel, como se sabe, considera os novos casos registrados ao longo de sete dias, de maneira a eliminar distorções entre dias úteis e fins de semana. Na última terça-feira, a média brasileira estava em 35.271 pessoas infectadas por dia, conforme o Consórcio de Veículos de Imprensa. Como informou o Estadão, a circulação do coronavírus vem avançando em 24 Estados e no Distrito Federal.

Em meio ao recrudescimento da pandemia, é espantoso que a Prefeitura de São Paulo anuncie a realização de um carnaval de rua oficial, batizado de “Esquenta”, nos próximos dias 16 e 17 de julho. Com 294 blocos inscritos para sair às ruas em diferentes regiões da cidade, o evento é claramente um despropósito, na medida em que promoverá aglomerações que facilitam a transmissão do coronavírus. Como se já não bastasse promover um carnaval totalmente fora de época, a iniciativa manda à sociedade uma mensagem equivocada: a de que a pandemia acabou. Nada mais distante da realidade.

A nova onda do coronavírus, é verdade, não se compara ao que ocorreu no início do ano, quando a variante Ômicron fez a média móvel ultrapassar 180 mil infecções por dia. Mas indica que a superação da pandemia ainda vai exigir muito esforço. Portanto, mais uma vez, é hora de pedir à população que redobre os cuidados. Nada muito diferente do que a imensa maioria fez desde o início da pandemia. De novo, será preciso prestar atenção aos protocolos de segurança sanitária e retomar hábitos como o uso de máscaras.

A maior proteção, porém, vem da vacinação. Daí ser fundamental completar o ciclo vacinal. Preocupa constatar que, até o início de junho, apenas 52% da população vacinável tenha tomado a terceira dose ou dose de reforço (72% no Estado de São Paulo), enquanto 89% receberam a primeira dose da vacina (95% em SP). Fica evidente que a mobilização inicial perdeu força, o que sinaliza a necessidade de um empenho ainda maior por parte das autoridades da saúde. Como já tivemos a oportunidade de lamentar aqui, é inacreditável que o Ministério da Saúde não esteja à frente de campanhas nacionais conclamando a população a completar o ciclo vacinal.

Nos últimos dias, o Estadão noticiou que escolas públicas e particulares na capital paulista têm suspendido aulas presenciais de algumas de suas turmas devido à alta da covid-19. Os estudantes, quando isso ocorre, voltam temporariamente ao ensino remoto. Como bem mostrou a experiência brasileira durante a pandemia, fechar escolas não é a solução. Os estabelecimentos de ensino, portanto, acertam ao seguir protocolos que evitam a transmissão do vírus e preveem alternativas ao fechamento. Corretamente, a rede municipal recomendou o uso de máscaras nas unidades de ensino. Ninguém vencerá a pandemia sozinho. Mais uma vez, é hora de todos darem a sua contribuição – a começar pelo poder público.

 

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