Sempre visto como um setor de crescimento acelerado, o atacarejo está chegando à maturidade. O setor só tem mais três anos de novas aberturas, caso mantenha o atual ritmo de expansão. É o que aponta o Itaú BBA num relatório publicado hoje. O banco diz que o mercado ficará saturado ao alcançar 2.465 unidades, o que deve acontecer já em 2026. Hoje são 1.750 lojas no Brasil inteiro, incluindo 358 aberturas nos últimos 18 meses.
O setor cresceu mais rápido do que o próprio mercado imaginava, escreve a equipe do analista Thiago Macruz. Um novo mapeamento do setor feito pelo Itaú mostra que Assaí e Atacadão têm uma liderança menos dominante do que se imaginava – e o Grupo Mateus aparece como a empresa com maior oportunidade de expansão. Apesar de ter aberto 150 lojas desde 2019 (totalizando 346), o Atacadão manteve os 20% de participação – um número que inclui a compra do BIG. O Assaí, no mesmo período, abriu 119 lojas (fazendo um total de 269) e caiu de 16% para 15% de share.
Essa estagnação no share dos grandes players aconteceu porque oito players regionais cresceram ainda mais rápido, e hoje têm em média 50 lojas cada. Os top 10 do setor (excluindo Atacadão e Assaí) aumentaram sua participação de mercado em 3 pontos percentuais para 24% desde 2021. “O mundo do atacarejo está mais maduro de que se imaginava,” Macruz disse ao Brazil Journal.
“E enquanto o mercado do Sudeste já está mais complicado, vemos que no Nordeste e no Norte há mais espaço para crescer.” Por isso, segundo Macruz, o Grupo Mateus tem um potencial de expansão maior que os líderes, que estão mais concentrados no Sudeste. A rede fundada por Ilson Mateus é atualmente a quarta do setor, com 63 lojas, atrás de Atacadão, Assaí e da rede chilena Cencosud (72 unidades).
O Mateus também pode capturar melhor o potencial das cidades menores, com populações entre 50 mil e 250 mil habitantes, algo que já vem fazendo nos últimos anos em cidades do interior do Norte e Nordeste. Ainda há 300 cidades nesse perfil de consumo que não possuem lojas de nenhum dos 20 maiores players – a maioria, no Nordeste.
Nos próximos anos, o M&A será a principal via de crescimento das empresas, disse Macruz. Metade do mercado hoje está na mão dos dez maiores players, e os outros 50% estão pulverizados em redes menores – mas em que alguns casos já têm faturamentos bilionários. As líderes vão precisar melhorar os seus balanços para aproveitar essas oportunidades. “O Atacadão ainda está alavancado por causa da compra do BIG e o Assaí não está tão diferente. Enquanto isso, o Mateus continua com a estratégia de crescer organicamente,” disse Macruz. O Itaú manteve o Mateus como sua top pick para o setor, aumentando o preço-alvo de R$ 8 para R$ 10 – um upside potencial de 44% ao preço de tela.
O banco vê o Mateus negociando a 9,6x o lucro estimado para 2024. Nos casos de Assaí e Carrefour, o banco decidiu manter as recomendações de ‘compra’ e ‘neutro’, respectivamente – mas reduzindo o preço-alvo de ambas. O Itaú vê a ação do Assaí com um valor justo de R$ 16, upside de 37% em relação ao preço de tela, mas abaixo do preço anterior de R$ 25. Já o Carrefour Brasil, por conta dos desafios da integração do BIG, tem preço-alvo de R$ 11,40 (16% de alta potencial). O banco vê Assaí e Carrefour negociando a um P/E de 10,4x e 14,2x para 2024, respectivamente.
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