O Assaí inaugurou 60 lojas no último ano, chegando a quase 300 operações nas cinco regiões brasileiras. A expansão rápida se deu em parte pelo processo de conversão das lojas do Extra Hipermercados, compradas do GPA. E embora a rede tenha apresentado lucro líquido da ordem de R$ 281 milhões em 2022, o valor representou queda de 47,8% ante 2021.
As vendas dos atacarejos em geral têm desacelerado. “Enquanto em 2020 o crescimento foi de 18%, em 2023 tivemos apenas 0,9%”, diz Alberto Serrentino, fundador da consultoria de varejo Valese Retail , citando dados de pesquisa Nielsen. O formato estaria entrando em saturação?
Segundo Serrentino, a produtividade média dos atacarejos declina de maneira generalizada e começa a ocorrer uma “seleção natural”, com mais os fortes avançando e os mais fracos precisando se esforçar para acompanhar.
“Os espaços para expansão orgânica de qualidade vão ficar menores daqui para a frente. Ainda teremos fusões e aquisições. Porém, à medida que se esgotam os ativos de lojas conversíveis, a tendência é alcançar um patamar de estabilidade, com crescimento marginal. Inevitavelmente vão prevalecer os mais competitivos e competentes”, prevê.
“Em casos como o do Assaí, isso não aparece no agregado, pois ao abrir uma loja nova, o bolo cresce”, explica Serrentino. “Mas quando você começa a olhar a performance loja a loja, talvez a realidade seja um pouco diferente”, considera. “De todo modo, o formato não tem o mesmo vigor que tinha há 50 anos, por conta do aumento da carga competitiva e da oferta instalada.”
Expansão rumo ao interior
Já Sérgio Leite, diretor da divisão São Paulo do Assaí Atacadista, não crê na desaceleração em futuro próximo. “Embora saibamos que a capacidade de penetração é finita, não enxergamos o ponto de saturação próximo, pois há muitos mercados ainda pouco explorados. Mapeamos diversas cidades brasileiras com mais de 150 mil habitantes nas quais não há loja do Assaí”, diz.
“Temos consciência de que nesses locais o supermercado costuma cumprir o papel de varejo abastecedor, então estudamos, com cautela, os próximos passos, sempre acreditando que há muita pista para continuar crescendo”, acrescenta o diretor.
Serrentino avalia que “O Assaí é o campeão em expansão dos atacarejos porque sabe interpretar as diferenças regionais”, ao passo que Leite ressalva que a prosperidade do negócio depende de sintonia ainda mais fina.
“As variações ocorrem não apenas de uma região para outra, entre cidades, bairros ou microrregiões; elas existem até mesmo entre lojas localizadas na mesma área. Assim, tentamos concentrar a atenção nos desejos do consumidor, seja ele pessoa jurídica (sempre no nosso radar) ou pessoa física, que nos traz informações valiosas sobre nichos nos quais expandir serviços”, afirma.
“Por tudo isso é que um dos segredos do nosso sucesso é a autonomia dos líderes regionais, que podem tomar decisões de acordo com a realidade que estão vivenciando”, diz o diretor do Assaí.
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