25 de janeiro, 2025

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O que esperar do varejo brasileiro em 2025

Caio Camargo

Especialista em inovação e gestão no varejo | LinkedIn Top Voice | Palestrante e autor bestseller | Apresentador do [varejocast]

A seguir, apresento sete pontos de atenção que podem fazer a diferença no seu planejamento:

  1. Cenário econômico: salário mínimo em alta e desemprego em baixa

Se as projeções se confirmarem, teremos um salário mínimo maior (R$ 1.518,00) e o desemprego em queda (6,1%% publicado hoje), em cenário de pleno emprego. Isso significa mais dinheiro circulando e potencial para o aumento das vendas. Por outro lado, se a inflação voltar a subir (como vem sendo especulado), esse ganho pode ser diluído, afetando o poder de compra.

  • Oportunidade: Investir em promoções e programas de fidelidade para atrair e reter clientes.
  • Cuidado: Monitorar custos e margens, pois qualquer disparada de preços pode comprometer o planejamento.
  1. Mercado de apostas (bets) e falta de regulamentação

As apostas esportivas e outras modalidades de “bets” têm crescido rapidamente no Brasil – para muitos, o “novo cigarro”, mas ainda sem uma regulamentação mais forte, embora os esforços iniciais – em minha opinião, precisamos observar o impacto da publicidade nesse sentido. O fato é que as bets desviaram parte do dinheiro que poderia ser gasto no varejo em 2024, e vem aumentando consideravelmente o risco de endividamento familiar.

  • Risco: Se a renda da população for cada vez mais direcionada às apostas, o varejo pode sentir o impacto na queda do ticket médio e faturamento como um todo.
  • Oportunidade: Caso haja regulamentação, pode surgir um ambiente mais estável, até mesmo com tributação que retorne à economia, impactando de forma positiva o consumo no longo prazo.
  1. IA e grandes marketplaces

A inteligência artificial está tornando os grandes marketplaces ainda mais eficientes, seja na personalização das ofertas, seja na logística e na precificação dinâmica. Para o pequeno e médio varejista, a competição fica cada vez mais desafiadora.

  • Dica: Invista em nichos e em atendimento especializado, algo que as gigantes podem ter dificuldade de replicar em massa.
  • Ferramentas de IA acessíveis: Softwares de terceiros podem ajudar a analisar dados e entender melhor o comportamento do cliente, reduzindo o desequilíbrio tecnológico.
  1. TV 3.0: o “home shopping” do futuro

A chegada da TV 3.0 a partir de Janeiro pode rapidamente trazer a possibilidade de compras interativas diretamente na tela, enquanto o consumidor assiste a programas, filmes ou séries. É o “home shopping” reinventado para a era do streaming.

  • Oportunidade: Criar experiências mais imersivas, conectando TV, redes sociais e até o seu e-commerce.
  • Estratégia: Invista em formatos de demonstração ao vivo e integrados a um clique de compra. Assim, o cliente não precisa sair de casa — ou do sofá — para adquirir o que chamou sua atenção.
  1. Retail Media: as lojas viram canais de publicidade

O conceito de Retail Media envolve transformar os próprios canais de varejo (online e offline) em espaços de anúncios para fornecedores e marcas parceiras. Tem tudo para se tornar, assim como as projeções no exterior, o principal canal de anúncios de publicidade do mercado – em 2025 tende a passar os anúncios em TV aberta nos EUA.

  • Por que é importante: É uma fonte adicional de receita para o varejista, além de possibilitar publicidade supersegmentada, baseada em dados de compra reais.
  • Como fazer: Estruturar pacotes de mídia claros e transparentes, mostrar métricas de resultado e manter um diálogo frequente com parceiros que queiram divulgar produtos dentro do seu ecossistema.
  1. Inteligência artificial para criação de vídeos

Depois de 2023 ter sido o ano da IA para textos e 2024 o ano da IA para imagens, a bola da vez em 2025 pode ser a geração automatizada de vídeos. Essa tecnologia tem potencial para democratizar a produção de conteúdo em alto nível.

  • Vantagem: Pequenos e médios varejistas podem criar materiais audiovisuais de qualidade, praticamente sem grandes equipes ou investimentos milionários.
  • Cuidado: Busque manter autenticidade e personalidade, evitando que tudo fique muito “robotizado” e sem alma.
  1. Social commerce e live commerce: o espaço das redes sociais

Instagram, TikTok e até WhatsApp se consolidam como grandes plataformas de vendas, com recursos que permitem ao cliente comprar sem sair do aplicativo. Não se trata de qual plataforma você utiliza, o conteúdo viral e o relacionamento próximo com o público são grandes motores desse crescimento frente ao embate com os marketplaces.

  • Live commerce: Vendas ao vivo geram senso de urgência e humanizam a experiência, aproximando marca e consumidores.
  • Oportunidade: Investir em storytelling, parcerias com influenciadores (principalmente de nicho) e formatos criativos de vídeo para se destacar na multidão.

Como será 2025 para o varejo?

Estamos às portas de 2025, e o varejo brasileiro vai encarar um cenário cheio de mudanças e possibilidades. De um lado, o aumento da renda, as ferramentas de IA e a TV 3.0 abrem espaço para inovações de vendas e relacionamento com o cliente. De outro, a concentração dos grandes marketplaces, a falta de regulamentação em áreas críticas (como apostas) e a inflação potencial representam desafios que não podem ser ignorados.

O caminho para o sucesso passa por ficar de olho nessas tendências, estudar o comportamento do consumidor e usar a tecnologia a seu favor. Seja no mundo online, seja no ponto de venda físico, a melhor forma de se destacar é entender o que o seu público realmente valoriza — e entregar isso de maneira consistente, criativa e humana. Afinal, mesmo com toda a modernidade, o que conta é a conexão que você constrói com quem está do outro lado do balcão.

https://www.linkedin.com/pulse/o-que-esperar-do-varejo-brasileiro-em-2025-caio-camargo-vqbuf

 

 

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