A onda de calor que assolou o Brasil nas últimas semanas, e atingiu picos de 44,8ºC, gerou memes e piadas, como a que renomeou as estações do ano para “ouforno”, “inferno”, “queimavera” e verão, e também antecipou uma das principais e mais rentáveis sazonalidades para o varejo de alimentos.
A mudança climática histórica elevou a venda de produtos da “cesta de verão” em até 18,9% na comparação com o mesmo período de 2022 em todo Brasil. Itens como gelo, cerveja, bronzeador, sorvete, isotônico, desodorante, suco pronto, gelatina, açaí, água de coco entre outros foram os itens mais consumidos. Em São Paulo, no final de semana de 11 e 12 de novembro, o faturamento do setor registrou aumento de 19,15%.
Outro dado interessante da pesquisa realizada pela Scanntech, líder em inteligência de dados, é que no interior do Estado de São Paulo, a procura por esses itens foi maior que na capital paulista, 19,7% contra 17,4%, respectivamente.
Analisando o comportamento do interior de São Paulo contra a região metropolitana, encontramos que bebidas alcoólicas são mais presentes na cesta de calor do que na capital, com 44,3% contra 38,7%. Na Grande SP, as guloseimas refrescantes tiveram alta de 11%, contra 7,7% no interior e as bebidas não alcoólicas (39,7% na Região Metropolitana de São Paulo e 36,6% no interior).
Para Priscila Ariani, diretora de marketing da Scanntech, o impacto pode ser notado dentro de categorias em que o consumidor comumente busca, mas com mudanças no tipo do produto. “Os itens da ‘cesta de verão’ devem continuar subindo até abril de 2024. Estudamos o consumo e o fato é que ele é reativo. Sempre que há grandes variações de temperatura, tanto para cima como para baixo, as vendas de diferentes produtos podem ser percebidas na ‘boca do caixa’. O consumidor também é movido pela sazonalidade de produtos, e a temperatura e datas comemorativas, como fim de ano e festa junina, sempre impactam o varejo”, diz a executiva.
Estar atento à sazonalidade e ao calendário de datas importantes para o varejo de alimentos é padrão para qualquer empreendedor do ramo. No Brasil, o verão é um dos períodos sazonais mais longos e relevantes para o comércio, oferecendo aos varejistas a oportunidade de alavancar o faturamento em diversas categorias e serviços, e como a onda de calor antecipou esse movimento, é aconselhável se adaptar o mais rápido às necessidades dos consumidores.
Grande parte dessa relevância se deve ao fato de que, por ocorrer entre o final do ano e o início do ano seguinte, o consumidor tende a estar mais propenso a comprar. Esse apelo ao consumo ocorre com mais intensidade nesse período devido a diversos fatores como festividades de fim de ano e ano novo; liberação do 13º salário; viagens; férias do trabalho e carnaval.
“O calor é um fator que deve ser bem explorado, pois se bem trabalhado, é um grande aliado das vendas, considerando que ele tende a manter mais as pessoas em circulação pela cidade e menos em casa. Além disso, muitos consumidores aguardam o fim ou o início do ano para se ‘presentear’ ou mesmo renovar a casa”, afirma Luan Azevedo, fundador da DS Marketing, plataforma de automação de marketing para o varejo, com clientes nos segmentos de supermercados, farmácias e padarias.
“Se programe para evitar rupturas nas prateleiras, incentivar o consumidor a adquirir na sua loja e traçar boas estratégias de marketing para acelerar o giro das mercadorias que performam bem nessa estação. Existem infinitas possibilidades entre sorvetes, bebidas e lácteos que podem ser boas opções de ganhos na estação”, diz o especialista.
Para aumentar as vendas no verão e no resto do ano, Azevedo destaca como orientação principal aos varejistas de alimentos o planejamento. “Adote processos que permitam reduzir as chances de apostar em produtos de baixo giro que ficarão parados e se transformarão em prejuízo, além de evitar rupturas pela falta dos produtos que realmente seriam adequados, de acordo com a demanda do seu consumidor”, completa.
Thais Abrahão – Presstalk Comunicação
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