
No estágio anterior as evoluções passavam das lojas conceito da Starbucks em Shangai ou Nova Iorque, às operações Fresh da Amazon nos Estados Unidos e chegavam às iniciativas da Track & Field, Cacau Show ou Boticário em algumas de suas operações no Brasil.
Também já envolviam o pagamento por reconhecimento facial na China ou Coreia, ou com o uso da palma da mão no self check out ou até mesmo a mudança do ambiente de exposição de um produto personalizando a experiência segundo o perfil do cliente identificado, também possível em operações iniciais no varejo da China.
Todo esse universo que envolve personalização de soluções, serviços e ofertas de fato tem campo para maior e mais rápido crescimento na realidade da China ou Coreia, pois todos os temas que envolvem as leis de proteção de dados e privacidade têm, digamos, uma “releitura” naquela região, podendo ser muito mais usada pelas menores restrições legais.
Isso explica em boa parte os maiores avanços que ocorrem por lá comparativamente com a realidade ocidental, onde o tema é muito mais sensível.
Mas também é importante considerar que a participação das vendas pelo e-commerce no total das vendas do varejo na Ásia é significativamente maior alavancada por operadores nascidos no ambiente da tecnologia e que evoluíram para se transformarem em ecossistemas de negócios com amplo acesso a informações geradas por meios de pagamentos digitais, social commerce e de troca de mensagens.
Quando por exemplo a Tencent integra o WeChat, com seu sistema de pagamento, mais o social commerce e outras dentro de seu Super App, monitorando comportamentos, abre-se uma enorme frente de oportunidades para desenvolver e alavancar negócios alinhados com Inteligência Artificial nos mais diversos canais. E criando a visão mais próxima da loja e dos centros comerciais e shopping centers do futuro.
Da mesma forma a Amazon avançou em suas diversas frentes de negócios a partir do conhecimento e monitoramento do comportamento de consumidores. E incorporou esses elementos nas suas lojas, integrando com os canais digitais, porém com as limitações da legislação ocidental de proteção de dados e privacidade.
Em alguns mercados asiáticos, em especial China, essa integração, acesso e uso dessas informações, potencializada pelo uso da Inteligência Artificial e com menores restrições legais, abriu mais perspectivas para o desenvolvimento de soluções combinando diferentes elementos para maximizar e integrar a experiência do consumidor, elevando de forma constante as oportunidades de diferenciar para atrair, reter e fidelizar.
Para muito além do varejo
É preciso não esquecer que o que acontece na Ásia, não fica na Ásia. E se espalha pelo mundo pelo projeto estratégico da China de ampliar seu arco de alianças econômicas, políticas e tecnológicas em contraponto às restrições que enfrentam nos Estados Unidos e nos países mais alinhados com a causa norte-americana.
Esse quadro traz consequências diretas para a América Latina. E mais especialmente para o Brasil, por conta de seus recursos naturais e para muito além do varejo, envolvendo todos os possíveis aspectos que exigiriam um pensamento mais estratégico e de longo prazo.
A realidade está configurada
A China em seu projeto estratégico tem definido que a liderança global no futuro estará apoiada em boa parte no trinômio “educação, tecnologia e digital” e concentra recursos, pesquisa e desenvolvimento nessas frentes.
Seu projeto envolve num primeiro momento a Ásia, como o faz com a New Silk Road Initiative, desde 2013, e avança também para África e Oceania, chegando na América Latina, onde posição, protagonismo e recursos do Brasil são dominantes.
Ficam a reflexão, a configuração do cenário estratégico e os desafios e oportunidades à frente.
Para muito além do varejo.
Notas
- No dia 27 de junho, das 13h30 às 19h, em São Paulo, a Gouvêa Ecosystem realizará evento especial sobre impactos no varejo global e local das transformações que acontecem na Ásia, com especial ênfase em China, Coreia e Singapura onde estivemos recentemente em missões técnicas 360. O evento terá transmissão virtual e pode ser acessado para cadastramento por esse link.
2.No Latam Retail Show, de 17 a 19 de setembro, no Expo Center Norte, em São Paulo, haverá especial ênfase, conteúdo e programação dedicados às discussões dos impactos das transformações no mercado, no varejo na realidade global e local. Com a presença de marcas, negócios e iniciativas que mostram caminhos já sendo percorridos na integração virtuosa de negócios e desses setores para enfrentar os desafios à frente. O evento terá transmissão virtual de parte do conteúdo para os que não puderem participar presencialmente.
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