Debates sobre as urgências das cidades, as questões prioritárias dos municípios e a apresentação de possíveis soluções para os problemas cotidianos em setores como educação, trabalho, saúde, segurança, transporte e mobilidade, habituais nas campanhas de candidatos a Prefeituras, precisam contemplar sempre a situação das pessoas com deficiência porque essa população é afetada com muito mais intensidade pelas falhas e pelas evoluções em todas essas áreas.
Nas eleições municipais encerradas no último domingo, 27, mais uma vez, a existência da população com deficiência nas cidades passou oculta, especialmente no aprofundamento das propostas de candidatos e nas cobranças da sociedade, das instituições e da imprensa a quem disputava uma vaga de vereador e de prefeito.
Citar alguns itens específicos, como havia em planos de governo publicados nas páginas oficiais dos candidatos, não de todos, não é suficiente, sobretudo porque, na maioria dos casos, eram poucas linhas com indicações óbvias de ações obrigatórias.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, 166 pessoas que declararam ter deficiência disputaram os comandos de Prefeituras, sendo 24 eleitas no primeiro turno e nenhuma no segundo turno. Estatísticas do TSE também mostram que 4.696 candidatos ao cargo de vereador declararam ter deficiência e, desse total, somente 388 foram eleitos, o que representa 8,27% de pessoas com deficiência eleitas nas câmaras municipais de alguns dos 5.570 municípios brasileiros (IBGE, julho/2024).
As sabatinas da Rádio Eldorado com os candidatos que disputaram a Prefeitura de São Paulo no primeiro turno tiveram questões voltadas à situação da população com deficiência, feitas por mim a Tabata Amaral e Ricardo Nunes.
Nas entrevistas e nos debates, de maneira geral, as pautas específicas do povo com deficiência foram esquecidas, mesmo quando perguntas ou respostas tratavam de diversidade, e os veículos de grande imprensa, emissoras de rádio ou TV, portais de notícias, revistas ou jornais impressos, sequer abordaram essa temática ou exigiram profundidade dos candidatos a respeito disso.
No segundo turno, na última semana antes da eleição que deu vitória ao atual prefeito na capital paulista, a coluna Vencer Limites no Jornal Eldorado pediu áudios de Boulos e Nunes com informações mais detalhadas sobre propostas para a educação inclusiva porque o assunto era mencionado em apenas um parágrafo dos respectivos planos de governo, mas ambas as campanhas disseram que não havia tempo para essa gravação – que poderia ser feita dentro de um carro em movimento e enviada diretamente pelo WhatsApp. Sendo assim, apenas textos foram mandados e, por respeito aos ouvintes, lidos no ar, na íntegra.
Se falta tempo para envio de uma simples mensagem de áudio para um espaço semanal de rádio dedicado às pautas da população com deficiência, quando haverá tempo do prefeito para o povo com deficiência?
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