Por Paulo Saab
A situação inusitada que vivem o Brasil e o mundo, em plena era da tecnologia de ponta, tem provocado mudança de hábitos, comportamento e relações desde as trabalhistas até as sociais e familiares.
Na verdade, tudo está mudado e a pergunta que todos se fazem e não vejo ainda respostas é, como ficaremos todos quando for superada essa fase de pandemia e reclusão?
Claro que os reflexos dessa condição atual se fazem sentir a cada dia e estão mexendo com a vida de todos no planeta. Aqui, no Brasil, há o também inédito movimento de se usar a pandemia para buscar desestabilizar um governo que venceu com boa margem nas urnas.
Reflete-se também, além da sobrevivência, na questão econômica, financeira, no emprego, no trabalho e tanta polêmica que se instalou no bojo das atitudes tomadas por governantes, magistrados, políticos e pelas reações diversas da própria sociedade.
Enfim, é um período de turbulência onde a incerteza tem dominado.
E o que virá depois?
O confinamento de expressiva parcela da população em suas residências, com maior ou menor conforto para cada família ou pessoa isolada, por si só, é uma lição de vida que se não vai mudar radicalmente o estilo de cada um, deixará marcas a serem observadas que não são só as de emprego, caixa, retomada e tudo mais que tem ficado no rastro da pandemia. A perda de vidas é inestimável.
Valores, verdades, senso crítico, apuração de vontades e convivência fechada, deixarão também marcas que podem e devem influir na racionalidade, na produtividade, na objetividade e, por certo, na valorização das relações humanas.
Ninguém ousaria pensar, a não ser os roteiristas de filmes de ficção, que o mundo daria essa freada de arrumação tão abrupta, tão inesperada, e tão intensa. Em pleno século XXI.
Uma coisa, aliás, duas, são certas. Nada mais será como antes, na valorização da vida e da rotina de cada um, e quem viver verá.
O Brasil, afetado duplamente, na questão da saúde pública e da política mesquinha, rasteira, fora as consequências já sabidas disso tudo, sairá mais amadurecido, embora, ainda, com ressentimentos a serem superados. Como essa mesma era da incerteza está dando, pela massificação da informação na mão de cada um, a possibilidade de se enxergar quem é quem de verdade e a verdade de cada um, na cena nacional.
De minha parte, garanto: assim como cumpro o confinamento por ser de grupo de risco, passei a valorizar muito mais pequenos detalhes do dia-a-dia da vida, pelos quais passava antes em disparada, na corrida (com que sentido?) pela mesma sobrevivência que lutamos agora, cada um a seu jeito e possibilidades.
Quo vadis?
(expressão latina em livre tradução: para onde vais?)
Jornalista, Bacharel em Direito, professor universitário e escritor.
**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do Diário do Comércio
IMAGEM: Pixabay
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