07 de outubro, 2024

Notícias

Home » Opinião » Renda maior e desemprego menor

Renda maior e desemprego menor

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

A vida está melhorando para os brasileiros. Esta é, certamente, uma grande notícia para todos. A inflação, que até há poucos meses comprimia cada vez mais os orçamentos das famílias, está cedendo. A atividade econômica recupera-se, ainda que em velocidades muito baixas. E o mercado de trabalho, que não faz muito era a síntese do drama social gerado pela pandemia, apresenta sinais de melhora, tanto na geração de empregos como na recuperação da renda real dos trabalhadores.

São muitos os dados que mostram a melhora contínua do mercado de trabalho. A taxa de desocupação ficou em 9,1% no trimestre móvel de maio a julho de 2022, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Essa taxa é 1,4 ponto porcentual menor do que a observada no trimestre de fevereiro a abril, o que mostra a intensidade da queda. É também 4,6 pontos menor do que a de um ano antes e 5,8 pontos inferior ao pico de 14,9% registrado no primeiro trimestre do ano passado.

A população desocupada, de 9,9 milhões de pessoas, caiu para o menor nível desde o trimestre encerrado em janeiro de 2016. Na comparação com o trimestre anterior, a redução foi de 12,9% (menos 1,5 milhão de pessoas desocupadas); em um ano, a queda foi de 31,4% (menos 4,5 milhões). O contingente de pessoas ocupadas, de 98,7 milhões, é o maior de toda a séria da Pnad Contínua, iniciada em 2012. São mais 8 milhões de pessoas em relação ao contingente ocupado um ano antes.

Outros indicadores também estão melhorando. A taxa composta de subutilização, de 20,9%, é a menor desde o trimestre encerrado em junho de 2016 e nada menos do que 7 pontos porcentuais inferior à de um ano atrás. Diminuíram proporcionalmente a população subocupada por insuficiência de horas trabalhadas e a população desalentada. O número de empregados sem carteira assinada, porém, alcançou 13,1 milhões de pessoas, o maior da história. Em um ano, esse contingente recebeu mais 3,3 milhões de trabalhadores.

Quanto à renda real habitual, embora 2,9% menor do que a de um ano, é também 2,9% maior do que a do trimestre anterior. Na comparação com o período imediatamente anterior, a renda real registra crescimento desde o início do ano.

Com a proximidade das eleições, a melhora do cenário econômico e social decerto animará a campanha do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição que, como mostram diferentes pesquisas de preferência eleitoral, tem suas pretensões eleitorais ameaçadas. O governo federal pouco fez de maneira efetiva para permitir que o País enfrentasse os impactos da pandemia com maior eficiência e menos perdas, e por vezes até piorou o quadro, mas vem apresentando esse novo cenário como sua vitória. A economia “está bombando”, garantiu há pouco o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Há, de fato, melhoras visíveis, mas o quadro está longe do cenário de maravilhas desenhado por Guedes. As projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para este ano estão sendo revistas para cima por instituições financeiras privadas há algum tempo. Mas, mesmo na melhor dessas projeções, não passa muito de 2%, um desempenho fraco, que repete o crescimento que o País vem apresentando há anos. Para o ano que vem, as projeções são de forte redução do crescimento, para algo em torno de 0,5%.

O registro de deflação em dois meses consecutivos contribui para a recuperação da renda real. Mas a queda média dos preços, em razão da redução dos preços dos combustíveis e da energia elétrica, não deve se repetir nos próximos meses. E o preço da comida continua a subir. A melhora das projeções para o crescimento neste ano pode estar chegando ao fim, pois a atividade tende a se desacelerar nos próximos meses, daí as projeções bastante modestas para 2023. As altas da taxa básica de juro são uma das causas para essa desaceleração. A elas se junta o cenário mundial, marcado por alta da inflação e desaceleração da atividade nos países desenvolvidos.

Comentários