O economista estaria feliz com o novo Brasil, independentemente de ter seu neto na presidência do Banco Central
Por Aristóteles Drummond 13 de Fevereiro de 2019
| Jornalista
Roberto Campos sempre teve especial apreço pelo ministro Paulo Guedes. Dizia que era o economista da nova geração mais identificado com seu pensamento.
Armínio Fraga, de quem gostava pessoalmente, considerava influenciado pela “esquerda americana” na qual a sua mãe militava. Paulo Leme era outro preferido, assim como Paulo Rebelo de Castro.
Quando José Luiz Bulhões Pedreira, o grande advogado, amigo e parceiro de Roberto, homem de rara generosidade, promoveu o mega jantar dos 80 anos ao amigo nos salões do Copacabana Palace, quando o PIB brasileiro se fez todo presente, havia uma decisão a ser tomada quanto ao economista jovem a saudá-lo.
Roberto reuniu, então, três amigos em seu apartamento, sendo eu um deles, para avaliar os dois nomes cogitados.
Confesso que cometi o equívoco de ter recomendado Paulo Rabello de Castro, figura mais simpática talvez, mas que se revelou refém do corporativismo do BNDES quando teve sua grande chance.
Perdeu-se e, até com certa infantilidade, tentou ser candidato a Presidente da República sem marcar de maneira forte a passagem pelo grande banco.
Hoje, vejo o quanto estava equivocado e Roberto, certo. Guedes é o continuador de seu pensamento privatista, desburocratizador e simplificador de impostos.
Era entusiasta do projeto do Imposto único, de Flávio Rocha, que, em conjunto com o deputado Luiz Carlos Ponte, do Rio Grande do Sul e de Marcos Coimbra, transformou em cinco.
Roberto influiu muito no pensamento nacional, inclusive de antigos críticos, que disfarçadamente aderiram às suas teses.
Exemplos são a ala moderada dos tucanos e algumas lideranças empresariais muito cuidadosas em não desagradarem as esquerdas.
Roberto foi por duas legislaturas companheiro do presidente Jair Bolsonaro, na bancada do Rio e do PP, e gostava do capitão, se divertindo com suas tiradas contra os esquerdistas.
Estaria feliz com o novo Brasil, independentemente de ter seu neto na presidência do Banco Central.
Em algum momento deste governo, o presidente Bolsonaro ou o ministro Paulo Guedes poderiam ter um gesto de promoverem homenagem ao grande brasileiro que foi Roberto Campos, uma vez que ele tem uma modesta praça no Rio com seu nome.
Seria o cúmulo, num país que tem hospital batizado de Che Guevara e escola com nome de Carlos Marighela, não ter algo de significativo para lembrar Roberto Campos.
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