Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
Apostas em crescimento na faixa de 2,5% a 3%, neste ano, ganham sustentação com os novos dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), valorizado por investidores e analistas principalmente como sinalizador de tendência dos negócios. O indicador cresceu 1,17% de junho para julho e atingiu o maior nível desde dezembro de 2014, na série livre de efeitos sazonais. No trimestre móvel encerrado em julho a atividade foi 0,89% superior à do período de fevereiro a abril. O balanço dos primeiros sete meses mostrou um ganho de 2,52% na comparação com igual período de 2021. A expansão acumulada em 12 meses chegou a 2,09%.
Recebidos com manifestações de otimismo, os novos números poderão justificar projeções mais altas de crescimento econômico em 2022, especialmente se a tendência for confirmada, na próxima semana, pelo Monitor do PIB-FGV. O Monitor é uma detalhada prévia do Produto Interno Bruto (PIB) elaborada mensalmente pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
O Ministério da Economia já havia revisto de 2% para 2,70% o crescimento do PIB estimado para este ano. Para 2023 foi mantida a taxa de 2,50%. As estimativas incluídas no último boletim Focus, divulgado pelo BC, são menos otimistas, com a mediana das projeções apontando expansão de 2,39% em 2022 e de apenas 0,50% no próximo ano. Mas várias instituições indicaram, na quinta-feira, logo depois de conhecido o novo IBC-Br, a disposição de elevar suas previsões.
O indicador do BC é publicado apenas com números correspondentes a períodos, sem referência à evolução da atividade nos grandes setores. Mas o desempenho registrado nos últimos meses deve ser explicável principalmente pela forte reativação do setor de serviços, com crescimento de 1,1% em julho, terceira alta mensal consecutiva, e avanço de 9,6% em 12 meses. Com essa expansão, o volume de serviços produzidos atingiu patamar 8,9% superior ao de fevereiro de 2020, no período pré-pandemia. O resultado de julho é explicável principalmente pelo avanço do setor de transportes, com destaque para o de cargas de produtos agropecuários.
Os números do IBC-Br ficam menos brilhantes quando se leva em conta o desempenho da indústria. A produção industrial cresceu 0,6% em julho, mas foi 0,5% inferior à de um ano antes, encolheu 3% em 12 meses e ainda ficou 0,8% abaixo do patamar pré-pandemia. O governo tem proporcionado alguns estímulos ao setor, mas continua longe de propor uma nova política de recuperação industrial, de modernização, de integração global e de crescimento durável. Essa omissão se harmoniza com a devastação das políticas educacional e de apoio à ciência e à tecnologia.
Apesar de alguma reativação econômica e da redução do desemprego, as condições de trabalho e renda permanecem ruins, são agravadas pela inflação, e isso se reflete no consumo familiar. Em julho, as vendas no varejo fundamental diminuíram 0,8% e foram 5,2% menores que as de um ano antes. Em 12 meses encolheram 1,8%, confirmando o limitado alcance social da recuperação da economia.
Comentários