pandemia trouxe à tona uma nova forma de se fazer supermercado. Claro que a possibilidade de se fazer compras de grocery online já existia, mas a fatia era ínfima. Hoje, entrar em um supermercado físico é só mais uma forma de consumo, junto aos aplicativos e sites. Leandro Alves, consultor de Varejo Digital e Desenvolvimento de Negócios, e Paula França, Head Nacional de E-commerce na Cencosud Brasil, falaram sobre o atual cenário do setor, os principais desafios e as novas oportunidades, na Conferência Grocery & Drinks, promovida pelo E-Commerce Brasil, na noite desta terça-feira (30).
Dados da base da Newtail, empresa que oferece serviços de digitalização para supermercados, mostram que 36% dos supermercados vendem através de e-commerce e 73% deles têm site próprio. Além disso, 44% dessas lojas vendem via WhatsApp. “Inclusive, as compras iniciadas pelo aplicativo de mensagens têm valor 60% maior”, segundo Alves. Os alimentos mais vendidos são, nesta ordem: banana prata, batata inglesa, cebola, pão francês, filé mignon, mamão papaia, cenoura, arroz Tio João, tomate e limão taiti.
Depois da pandemia, os consumidores ficaram divididos entre comprar no site ou aplicativo. Segundo os dados, a porcentagem de vendas de bebidas alcoólicas vendidas em site é de 48%; em marketplace, 26%; e por aplicativo, 26%. Já os itens de marcenaria são vendidos em site (59%), marketplace (24% e aplicativo (12%).
Outro ponto importante para os consumidores é o tempo de entrega. 75% das entregas são feitas no mesmo dia, sendo 43% em até 1 hora. O pico de vendas acontece por volta das 11h. “É a hora que a dona de casa está preparando o almoço e percebe que está faltando algum ingrediente da receita”, explica Alves.
Oportunidades nos desafios dos supermercados online
De acordo com França, para atrair o consumidor, o principal desafio do setor é reduzir a taxa de entrega, melhorar a qualidade dos frescos e aumentar a disponibilidade de produtos. “Produto indisponível é uma questão. Ninguém quer precisar de um produto e não encontrar ou só descobrir que está em falta na hora da entrega, assim como a qualidade dos produtos”, diz. “O cliente quer que o entregador separe a cebola como ele mesmo faria. É um desafio e, ao mesmo tempo, a chave do negócio”, completa.
Os varejistas também não se sentem preparados para a digitalização, com 2 em cada 3 tendo expectativas de perda de share. E 55% deles acreditam que terão dificuldade em atrair talentos, não só em áreas técnicas e gerência, mas para escolher os alimentos. “É um mercado que precisa fomentar e recrutar as pessoas certas e com talento para isso”, afirma França.
França ainda afirma que é necessário entender o que o cliente quer, se é comprar por quilo ou por unidade, por exemplo. “Não é empacotar a compra de uma casa, mas a comida que a família de tal pessoa vai comer. É ter outro olhar porque os clientes não são robôs. A banana que o filho de fulana vai comer não é qualquer banana, então como explicar isso para quem está escolhendo?”, indaga.
“Os desafios são grandes e em um segmento que está começando a se trabalhar. Se conseguirmos aprender com o e-commerce em geral, podemos ganhar muito, mas temos que adaptá-lo para o nosso setor”, ensina Alves.
Por fim, os especialistas elencaram os principais desafios e tendências do setor:
Gerais:
- Conhecimento, fidelização e atendimento dos clientes;
- Formação de colaboradores e turnover;
- Redução de perdas e geração de caixa (inflação);
- Gestão de mix e estoques.
Digitalização:
- Capacitação de investimento;
- Capital humano especializado;
- Criação de cultura digital;
- Geração de valor através de dados (cultura Data Driven);
- D2C;
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