Bianca Alvarenga
Os alimentos ultraprocessados estão entre os hábitos de consumo dos trabalhadores, basta ir aos supermercados ao redor do mundo e verificar que as prateleiras estão repletas de uma ampla variedade de salgadinhos, biscoitos recheados e refrigerantes, oferecendo opções convenientes para aqueles que buscam lanches rápidos. Saber qual é o perfil de compra dos consumidores é uma oportunidade para indústrias e varejistas terem um olhar mais atento sobre as preferências das famílias brasileiras, auxiliando nas estratégias de lançamento de produtos e para manter-se à frente da concorrência.
Mas, o que os consumidores estão colocando nos carrinhos e como o varejo pode sair na frente? De acordo com o estudo da VR, os produtos ultraprocessados lideram a lista de compras dos consumidores, representando 22% das compras totais. Em segundo lugar na lista de compras dos consumidores estão as frutas, legumes e verduras, com uma fatia de 19% das compras totais. Isso demonstra um crescente interesse dos consumidores em alimentos frescos e saudáveis, possivelmente impulsionado por uma maior conscientização sobre a importância de uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes.
Os produtos lácteos, como leite e iogurtes, ocupam o terceiro lugar na lista, com 13% das compras totais. Grãos e produtos relacionados representam 9% das compras dos consumidores. Este grupo inclui itens como arroz, macarrão e cereais, que são alimentos básicos na maioria das dietas. Refrigerantes e bebidas prontas compartilham o quinto lugar na lista de compras dos consumidores, empatados com as proteínas.
Já a carne bovina é um componente significativo das compras, representando, em média, 10% do valor pago por compra. O estudo da VR também revelou que os consumidores compram uma variedade de 16 itens relacionados à carne bovina em uma compra com valor médio de aproximadamente R$ 126.
Insights para o varejo
Ofereça variedade e qualidade
Garantir um amplo estoque de produtos ultraprocessados, frutas, legumes, verduras, produtos lácteos, grãos, proteínas e carne bovina de alta qualidade.
Promova alimentos saudáveis
Destacar alimentos frescos e saudáveis em campanhas de marketing para atrair consumidores preocupados com sua saúde.
Explore alternativas
Oferecer opções mais saudáveis e práticas a alimentos processados, como opções vegetarianas, veganas e alimentos orgânicos.
Personalização
Use dados de compra para personalizar ofertas e recomendações para os clientes.
Novos rótulos de informação nutricional agora são obrigatórios
É importante ressaltar que neste mês de outubro, entrou em vigor uma determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que impacta diretamente a forma como os alimentos são rotulados. Todos os produtos alimentícios, sejam eles sólidos ou líquidos, embalados na ausência do consumidor, agora devem obrigatoriamente apresentar novos rótulos de informação nutricional. As novas regras estabelecidas pela Anvisa têm como objetivo principal fornecer aos consumidores informações mais claras e acessíveis sobre o valor nutricional dos produtos que consomem.
A implementação dessas mudanças vem após um ano de prazo para que as marcas se adequassem ao novo formato de rotulagem. Essas mudanças incluem a inclusão de alertas visuais para alimentos ricos em ingredientes pouco saudáveis, conhecidos como “lupas”, que serão aplicadas quando houver altos teores de açúcares, gorduras e sódio. Isso permitirá que os consumidores identifiquem facilmente produtos que contenham ingredientes potencialmente prejudiciais à saúde.
Além disso, houve a padronização da rotulagem nutricional na parte de trás das embalagens, garantindo que as informações nutricionais estejam disponíveis de maneira consistente em todos os produtos.
Ultraprocessados: como substituí-los por opções mais saudáveis?
No entanto, a conveniência por produtos ultraprocessados muitas vezes vem com um preço alto, causando sérios impactos na saúde. De acordo com estudo realizado pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens/USP), anualmente, no Brasil, cerca de 57 mil mortes prematuras – pessoas com idades entre 30 e 69 anos – estão relacionadas com o excesso de consumo de alimentos ultraprocessados. Os pesquisadores analisaram dados de hábitos alimentares para 2017 e 2018 e dados de mortalidade para 2019.
“Por serem preparações prontas para o consumo, esses alimentos são prejudiciais à saúde por terem em seu preparo técnicas de processamento com ingredientes como açúcar invertido, xarope de milho, aromatizantes, emulsificantes, espessantes, adoçantes, corantes, entre outros”, explica a nutricionista Alice Coca, que atua na UBS Jardim Paranapanema sob gestão do CEJAM em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
A profissional alerta que tais substâncias conferem um sabor agradável ao paladar e prolongam o prazo de validade dos produtos, aumentando sua densidade calórica e os riscos para o desenvolvimento de alergias alimentares e de doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade e diabetes.
https://consumidormoderno.com.br/2023/10/31/tendencias-mercados-ultraprocessados
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