A pandemia mostrou que inúmeras atividades profissionais podem ser exercidas sem que os resultados sejam prejudicados. Em alguns casos, pelo contrário, a produtividade aumentou, ao proporcionar maior equilíbrio entre vida pessoal e trabalho. Por isso, empresas de variados portes e segmentos passaram a avaliar, contratar e reter talentos para investir no formato híbrido, com a presença física no escritório apenas em uma parte do tempo.
Inicialmente vale destacar que apenas em 2017 a legislação brasileira se posicionou em relação ao trabalho não presencial, trazendo a nomenclatura “Teletrabalho” para dentro das Convenções Coletivas de Trabalho, definindo-a como a possibilidade de realizar as atividades profissionais fora da empresa, de maneira parcial ou integral.
Hoje estima-se que 7 milhões de pessoas atuem no formato remoto no Brasil, seja durante algumas horas, dias ou mesmo integralmente, número que deve aumentar gradativamente no pós-pandemia. Para ser bom para ambas as partes, o trabalho a distância precisa estar alinhado com as diferentes áreas da organização – recursos humanos, tributária e jurídica, dentre outras.
Estudo recente realizado pela consultoria KPMG, intitulado “Insights on current trends in remote working” (Insights sobre as tendências atuais do trabalho remoto, em português), realizada com mais de 530 empresas de 46 países e 20 setores de atuação, indica que 89% das respondentes têm no horizonte uma política relativa ao tema.
A maturidade na adoção do trabalho remoto predomina no setor de telecomunicações e tecnologia (64%). Em segundo lugar (60% de implementação concretizada), despontam as empresas de alimentos, bebidas, varejo e consumo.
Os entrevistados ressaltaram que algumas operações não podem ser feitas a distância. Por isso, essas empresas têm o trabalho remoto como tendência consolidada para grupos específicos de profissionais.
Ainda que essa modalidade de trabalho não seja para a maioria, o Brasil é o 5º melhor país da América do Sul em trabalho remoto, ficando atrás de Uruguai, Chile, Argentina e Peru, de acordo com uma nova pesquisa pela companhia de cibersegurança NordLayer. Sua classificação caiu 10 posições em comparação com 2022.
No ano passado, a companhia criou o Índice Global do Trabalho Remoto (GRWI), que revela os melhores e piores países para se trabalhar remotamente em relação a quatro critérios distintos: segurança cibernética, segurança econômica, infraestrutura digital e física, e segurança social.
Neste ano, a NordLayer avaliou 108 países, em comparação com 66 no ano passado. Aqui estão os 10 principais países que apresentam as melhores condições para o trabalho remoto, de acordo com os dados deste ano:
- Dinamarca
- Países Baixos
- Alemanha
- Espanha
- Suécia
- Portugal
- Estônia
- Lituânia
- Irlanda
- Eslováquia
A lista completa está disponível aqui: https://nordlayer.com/global-remote-work-index/
O índice foi compilado avaliando e comparando os países utilizando quatro dimensões do índice. Em cada dimensão, existem vários atributos (subdimensões) que, combinados, ajudam a avaliar a atratividade geral do trabalho remoto:
- Segurança cibernética — infraestrutura, capacidade de resposta, e medidas legais.
- Segurança econômica — atratividade turística, proficiência na língua inglesa, custo de vida e saúde.
- Infraestrutura digital e física — qualidade e preço da internet, infraestrutura eletrônica, governo eletrônico, e infraestrutura física.
- Segurança social — direitos pessoais, inclusão e segurança.
Qual é a classificação do Brasil em nível global?
O Brasil se posiciona na metade inferior do nosso ranking por uma série de razões. O país tem uma pontuação baixa em segurança social (90º) e nas suas principais métricas, como inclusão (69º), segurança (95º) e direitos pessoais (63º). Seu desempenho está abaixo da média em segurança cibernética (65º), e sua posição em capacidade de resposta cibernética (36º) contribui ainda mais para sua baixa classificação.
No entanto, a sua infraestrutura cibernética (17º) é a melhor da América do Sul e Central. O Brasil tem o melhor desempenho em segurança econômica, ficando em 31º lugar. Tem um bom ambiente de custo de vida (32º), mas a proficiência na língua inglesa é baixa (55º). Em relação à infraestrutura digital e física, o Brasil pode se orgulhar de seu governo eletrônico (24º) e da internet bastante acessível (28º). No entanto, a sua qualidade é bastante baixa (49º), e sua infraestrutura física é precária (75º).
Brasil e países vizinhos
Em comparação com outros países da região, o Chile (50º) ocupa a liderança na classificação geral, deixando para trás o Brasil (61º) e a Colômbia (71º). No entanto, de todos esses países, o Brasil tem o melhor desempenho em segurança cibernética (65º), enquanto o Chile está apenas em 81º e a Colômbia em 74º. Colômbia e Brasil dividem a mesma colocação (24º) em termos de legislação cibernética, enquanto o Chile está em 30º.
Infelizmente, o Brasil (90º), juntamente com a Colômbia (89º), parece ser um dos países mais inseguros para se ficar na região. Por outro lado, o Chile ocupa a 48ª posição em segurança social, apresentando bons resultados em inclusão (26ª). Em relação à proficiência em inglês, o Brasil é uma escolha melhor que a Colômbia (72º), mas o Chile (44º) ainda supera os dois.
Pratique bons hábitos de cibersegurança
“Embora algumas das grandes empresas de tecnologia tenham trazido recentemente os seus funcionários de volta ao escritório ou introduzido um modelo de trabalho híbrido, o trabalho remoto veio para ficar. Não é apenas uma tendência – é uma mudança fundamental na forma como abordamos a produtividade e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Adotar o trabalho remoto permite que nossas equipes aproveitem todo o seu potencial, independentemente das fronteiras geográficas”, acrescenta Donatas Tamelis, diretor administrativo da NordLayer.
Para pessoas interessadas no trabalho remoto, Tamelis recomenda aderir a diversas boas práticas de segurança cibernética:
- Sempre use uma rede virtual privada (VPN). Uma VPN criptografa sua conexão com a internet e ajuda a proteger suas informações pessoais de olhares indiscretos. É especialmente crucial para se conectar a redes Wi-Fi públicas.
- Além disso, certifique-se de que todos os seus dispositivos, incluindo smartphones, tablets e laptops, tenham as atualizações de software mais recentes instaladas. Essas atualizações geralmente incluem patches de segurança que podem ajudar a proteger você contra vulnerabilidades conhecidas.
- Tenha cuidado com Wi-Fi público e evite acessar informações confidenciais, como serviços bancários online ou inserir senhas em redes Wi-Fi públicas, a menos que esteja usando uma VPN. Os hackers podem interceptar facilmente dados em redes não seguras.
- Habilite a autenticação de dois fatores sempre que possível para suas contas de e-mail, perfis de rede social e outros serviços online que você usa durante viagens. Isso adiciona uma camada extra de segurança, exigindo uma segunda forma de verificação durante o login.
- Use senhas únicas e fortes. Crie senhas fortes para cada uma de suas contas online e evite usar a mesma combinação em diversas plataformas. Considere usar um gerenciador de senhas como o NordPass para armazenar e gerar códigos de acesso complexos com segurança.
“Na era do trabalho remoto, a segurança cibernética não é apenas uma opção. É uma necessidade crítica salvaguardar os nossos dados e proteger a empresa contra as ameaças cibernéticas, que estão em constante evolução. Trabalhar remotamente abre novas oportunidades, mas também nos expõe a potenciais riscos de segurança. A vigilância da segurança cibernética é a nossa primeira linha de defesa”, afirma Tamelis, da NordLayer.
Metodologia: O Índice Global de Trabalho Remoto da NordLayer foi conduzido com base em quatro dimensões que se concentram na segurança cibernética dos países, nas condições econômicas, na infraestrutura digital e física, e na segurança social. Aqui você encontra a metodologia completa: https://nordlayer.com/global-remote-work-index/2023/methodology/
Thais Abrahão – Presstalk Comunicação
Comentários