29 de março, 2024

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Varejo de alimentos também deve precaver-se da inadimplência

Não faz tanto tempo, especialmente nas cidades do interior, ainda se mantinha forte no segmento varejista de alimentos a tradição da caderneta, onde eram anotadas e pagas tempos depois as despesas do consumidor. A prática, típica de uma relação de confiança, na qual cliente e comerciante se conheciam pelo nome, perdeu muito sentido com a disseminação do e-commerce e dos meios digitais de pagamento. E, aí, a inadimplência virou um problema também para o setor, sobretudo nos pequenos negócios. E demanda muita atenção.

Se é fato que os supermercados giram o estoque com maior velocidade, vendendo quase sempre à vista, o sumiço do consumidor com dificuldade financeira pode reduzir o faturamento. E, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), eles são muitos: o percentual de inadimplentes chegou a 25,1% em junho e o de famílias com alguma dívida, em atraso ou não, encerrou o semestre no maior patamar histórico: 69,7%.

“A inadimplência é uma das principais causas de quebras de pequenos negócios, que muitas vezes precisam dos pagamentos em dia para não causarem prejuízos no fluxo de caixa e até mesmo se endividarem”, confirma Piero Contezini, CEO da fintech Asaas, uma plataforma de gestão financeira focada em micro e pequenas empresas.

Com custos como folha de pagamento, estoque de produtos, fornecedores, aluguel e contas de luz e internet, as empresas acabam encontrando dificuldades para cumprir suas obrigações. “O fato é que muito cliente inadimplente deixa de atender o telefone”, sugere Welington Vieira, gerente de Marketing da Freedom2Buy (F2b), startup de soluções online de pagamento e serviços financeiros.

“O PIX está engatinhando, mas já é uma ferramenta importante para reduzir a inadimplência, além de melhorar o fluxo de caixa e girar mais rápido o estoque”, destaca Gina Dutra, coordenadora executiva de parcerias da Gerencianet. Segundo ela, é importante ainda qualificar melhor o varejista na gestão do negócio.

Para Contezini, a falta de crédito do cliente pode ser contornada também com ações como promoções para pagamento à vista e o envio de alertas que notificam o consumidor sobre a data de pagamento de um boleto. Conheça mais dicas dos especialistas para a prevenção da inadimplência:

 

Não venda no “fiado”

Segundo o CEO do Asaas, vender fiado não vale o custo-benefício, pois gera insegurança para o negócio e dificulta a cobrança do devedor. O problema, alega, é que quase nunca há como comprovar a transação comercial efetuada.

Apesar dessa dica já ser bastante popular, a realidade é que muitos negócios brasileiros ainda têm o hábito de aceitar esse tipo de “pagamento”. No último relatório do Banco Central, 42% de MEIs apontaram que realizavam vendas dessa forma, mesmo com 86% deles já tendo vivenciado algum problema para receber.

“Principalmente no interior, o fiado ainda é praticado com regularidade. Por isso o boleto não acaba”, lembra Gina Dutra. Ela acrescenta que “nem todo mundo já é digital, mesmo que a pandemia tenha acelerado essa parte”.

Ela aponta a digitalização como a melhor forma de diminuir a possibilidade de inadimplência e de ajudar os pequenos. “Não existe outra maneira. A gente sabe que tem ainda a caderneta, mas para reduzir risco o jeito é se tornar digital”. E recomenda: “na ausência de poder usar o PIX, o melhor é tentar oferecer desconto para pagamento à vista”.

 

Avalie a situação do cliente

A Asaas indica ainda a necessidade de, antes de conceder crédito a um cliente, fazer uma pesquisa sobre sua saúde financeira no Serasa Experian. “Essa é uma ótima maneira de descobrir se o consumidor é um bom pagador e reduzir drasticamente as chances de calote, já que será possível tomar decisões sobre as vendas baseadas em dados confiáveis. Isso permite, por exemplo, que se negue um pagamento parcelado para quem tem histórico ruim”, comenta Contezini.

“Conhecer melhor o seu cliente reduz inadimplência. Para isso, mantenha os dados atualizados e entenda as necessidades e comportamentos da pessoa”, completa Gina. Se isso for necessário, ela recomenda que seja emitido um boleto registrado com os dados atuais.

A consulta do nome do cliente pode ser feita por CPF ou CNPJ e gera um relatório com informações sobre a saúde financeira, outras dívidas no varejo, pendências bancárias e registros de protestos em nome do pesquisado.

 

Ofereça promoções no pagamento à vista

Outra dica valiosa para quem quer evitar devedores é priorizar os pagamentos à vista. E, para isso, o grande aliado é o PIX. “Muitos dizem que o PIX vai afetar a emissão de boletos, mas vejo mais uma troca em relação ao cartão de débito”, afirma a especialista da Gerencianet, mesmo admitindo que ele ainda não consegue substituir o boleto bancário, que inclui juros, multa e descontos e é aceito como documento de cobrança em ações judiciais.

É possível ainda oferecer vantagens como descontos ou brindes para incentivar o comprador a realizar o pagamento na hora. “Dependendo da situação e do histórico do cliente, outra possibilidade é solicitar uma entrada antes do parcelamento. Dessa forma, caso ele fique inadimplente, ao menos você terá garantido um valor inicial para cobrir os gastos da venda”, ensina Contezini.

“Uma forma de evitar a inadimplência em setores que lidam com compras recorrentes a cada mês, como em pet shops, é oferecer algum cartão de benefícios. Criar um clube de associados pode ser outra alternativa”, diz Vieira.

 

Lembre os clientes do prazo de pagamento

Muitas vezes, a inadimplência acontece por simples esquecimento do consumidor. Por isso, Contezini recomenda o envio de notificações como lembretes da aproximação da data de vencimento. Os avisos também podem continuar após o prazo da cobrança quando o pagamento não é realizado.

“Alguns empreendedores deixam de receber por terem medo de se indispor ou por falta de tempo. Se a empresa não tem pessoal suficiente ou experiência para fazer uma cobrança sem constrangimentos, a tecnologia pode ajudar com a automatização dessa tarefa”, explica o CEO da fintech Asaas.

Hoje, já existem softwares que enviam e-mails e SMS com esse propósito, além de robôs que fazem ligações de voz. “Dá também para utilizar o WhatsApp para falar com o consumidor, por meio de uma conta comercial”, completa Vieira.

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