Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios, Mercados, Armazéns, Mercearias, Empórios, Mercadinhos, Quitandas, Frutarias, Sacolões, Laticínios, Minimercados, Supermercados, Hipermercados, Adegas, Tabacarias, Bombonieres, Lojas de Bebidas, de Ração Animal, de Suplementos Alimentares, de Produtos Naturais, Dietéticos, Congelados, Delicatessens e de Conveniência do Estado de São Paulo.

Editorial

Comércio: de magnífico cisne a patinho feio do mercado de trabalho?

Alvaro Furtado | Presidente do Sincovaga SP

A atividade comercial é um importante termômetro da economia, porque sua temperatura reflete o nível de atividade econômica, de renda e de crédito disponível no país.

Naturalmente, o comércio também é um dos segmentos que mais empregam no Brasil, em torno de 10 milhões de pessoas, das quais cerca de 20% no varejo de alimentos − assim, também em supermercados e hipermercados −, ou seja, mais de 2 milhões de trabalhadores.

Curiosamente, o momento vivido pelo varejo de gêneros alimentícios, como de resto pelo comércio em geral, é de um verdadeiro “apagão” de mão de obra. Existem vagas nas empresas, mas elas não têm candidatos para preenchê-las.

Falta qualificação a grande parte da massa de interessados, mostrando um visível descompasso entre a evolução tecnológica envolvida no trabalho e, muito expressivamente, a realidade da deficiente educação básica do país, com baixa oferta de educação técnica/profissionalizante no ensino médio.

Não bastasse isso, outro fator torna o varejo de alimentos menos atraente como opção de emprego, justamente o fato dessas empresas funcionarem 363 dias por ano (exceto Ano Novo e Natal) e aos finais de semana, o que afasta sobretudo os jovens, que poderiam vislumbrar seu primeiro emprego. Afinal, os jovens querem ter o sábado, o domingo e os feriados disponíveis para suas atividades.

O fato é reforçado por dado divulgado recentemente pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no estudo Education at a Glance 2024, que mostrou que os jovens entre 25 e 34 anos que não trabalham nem estudam − os chamados “nem-nem” − são quase 1 em cada 4 (24%) no Brasil. Esse número caiu 5,4 pontos percentuais em sete anos (era de 29,4% em 2016), mas ainda é considerado alto pelos especialistas.

Outra questão não menos importante para esse “apagão” de mão de obra é a dos atestados médicos, por sua vez intimamente ligada ao trabalho aos domingos e feriados. Atestados médicos sem a mínima fé pública proliferam na internet, em plataformas piratas que disponibilizam até tabela de preços para oferecer o documento, de acordo com o número de dias visados pelo “trabalhador”, inclusive com o número do CRM do médico.

O assunto é tão sério que o próprio Conselho Regional de Medicina (CRM), provocado pelas entidades representativas, dispõe agora de um mecanismo para certificar se o atestado é falso ou não, um sistema oficial de emissão e validação de atestados médicos em todo o Brasil, chamado Atesta CFM.

Há várias saídas para esse labirinto do emprego e a maioria passa pelas próprias empresas, que devem fazer um diagnóstico interno, avaliar sua estrutura e estudar a possibilidade de oferecer alguns benefícios de natureza social que tornariam suas vagas atraentes, seja para reter os empregados que lá estão, seja para atrair novos talentos.

Nos referimos eventualmente a convênios médicos, folgas adicionais, treinamentos e muitos outros tantos benefícios passíveis de serem acordados com os funcionários e que são, afinal de contas, interessantes para que a mão de obra se fixe. É uma forma de reconhecer que as pessoas do lado de dentro do balcão têm um papel primordial para o sucesso das empresas.

Alvaro Furtado é presidente do Sincovaga (Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo)

Alvaro Furtado

Presidente do Sincovaga SP, empresário, Coordenador da Câmara Brasileira do Comércio de Gêneros Alimentícios da CNC (CBCGAL) e Diretor do SESC.

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