Um levantamento realizado recentemente com profissionais com deficiência mostrou que um dos obstáculos para a inserção é justamente o processo de seleção. “Isso reforça a necessidade de conscientização dos profissionais que atuam na área de Recursos Humanos das empresas”, afirma Maria de Fátima e Silva, coordenadora do Coexistir, consultoria especializada em diversidade e inclusão. A pesquisa foi feita pela equipe do Coexistir durante a 18ª Reatech – Feira Internacional de Inclusão, Acessibilidade e Reabilitação, que aconteceu entre os dias 4 e 7 de outubro, em São Paulo.
Entre os aspectos que atrapalham a inclusão foram citados também a falta de capacitação e o preconceito. Por outro lado, dentre os aspectos que mais facilitaram o ingresso estão a Lei de Cotas e a Qualificação, com 35% das respostas cada, seguidas pela Comunicação (14%) e por Experiência e Concurso (7% cada).
Em termos de gênero, houve equilíbrio no público entrevistado pela equipe do Coexistir: 53% são homens e 47% mulheres, a maior parte na faixa etária entre 30 e 40 anos (45%), seguida por 41 a 50 anos (23%) e 22 a 29 anos (17%). A maioria dos entrevistados tem o ensino superior completo (30%), o ensino médio completo (26%) ou o ensino superior incompleto (15%), e 37% afirmaram que estão estudando.
Do total, 54% estão empregados, dos quais 72% em empresas privadas. Dos ocupados, 26% têm até 1 ano de empresa, enquanto 24% têm mais de 10 anos. O segmento de Serviços é o maior empregador dentre os entrevistados (59%), seguido pelo Comércio (22%) e pela Indústria (19%).
A maioria também se divide entre os cargos operacionais e administrativos (59%), seguidos por Coordenação (7%), Gerência (5%), Analista (4%) e Supervisão (2%), demonstrando que ainda há muitas barreiras para o desenvolvimento de carreira das pessoas com deficiência nas companhias.
Essa predominância reflete também na faixa salarial da maior parte dos visitantes consultados: 6% recebem menos de 1 salário mínimo; 25% recebem 1 salário mínimo e 54% informaram renda de 2 a 4 salários mínimos.
Quanto ao uso de suas habilidades, 66% avaliaram que o trabalho é compatível com o nível de conhecimento, enquanto 25% afirmaram exercer função abaixo e apenas 8% acima de seu nível de qualificação. A maioria já foi promovida no trabalho (57%) e atua em empresas com plano de carreira para pessoas com deficiência (57%). O trabalho é avaliado de forma justa e imparcial na opinião de 69% dos entrevistados.
Quanto às adaptações, 54% dos entrevistados afirmaram que não precisaram de apoios para exercer a atividade de trabalho e que 65% das empresas fizeram modificações necessárias (rampas, banheiros adaptados, sinalização, etc). As condições de Segurança do Trabalho foram bem avaliadas por 69% dos respondentes.
Lei de Cotas
A Lei de Cotas é de conhecimento de 90% dos entrevistados e possibilitou o ingresso na empresa atual de 60% dos respondentes. Do total, 76% indicaram que as empresas onde atuam realizam atividades com o tema da inclusão (palestras, folders, boletins e outras ações de comunicação), sendo as palestras a mais frequentes (60%) seguidas por cursos e workshops (20%).
A pesquisa também mapeou o tipo de deficiência dos profissionais, sendo a física a mais recorrente, com 22% do público com cadeira de rodas e 18% sem cadeira de rodas, seguida por auditiva (17%), intelectual (13%), visual (baixa visão e cegueira, com 10% cada), e transtorno do espectro autista (5%), sendo a maior parte deficiências congênitas (52%).
No site do Coexistir é possível baixar gratuitamente cartilhas que abordam temas de interesse empresas de todos os segmentos, como o processo de inclusão, empregabilidade, LGPD, atendimento a clientes com deficiência visual e prevenção ao assédio moral no varejo.
Thais Abrahão – Presstalk Comunicação
Comentários