O Sincovaga-SP realizou nesta terça-feira, 14/10, a Assembleia Geral Extraordinária para discutir a proposta da Fecomerciários para a convenção coletiva do interior – data base de setembro. Na reunião, que foi no formato online, o presidente da entidade, Álvaro Furtado, apresentou uma análise detalhada da proposta de reajuste salarial encaminhada pela Fecomerciários, que sugere aumento linear de 6% para a categoria dos empregados no comércio. Ele também destacou a necessidade de prudência nas negociações, diante das dificuldades enfrentadas pelo varejo.
“O momento exige cuidado. Estamos observando uma mudança clara no comportamento do consumidor: queda no número de visitas às lojas, na quantidade de itens comprados e, principalmente, no valor médio do ticket. Essa é uma preocupação que já vínhamos acompanhando e que agora se agrava”, afirmou Furtado.
Segundo ele, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado até setembro foi de 5,05%, e para outubro, 5,10%, variação considerada modesta, mas suficiente para orientar as negociações. O presidente ressaltou que o Sincovaga atua em 430 municípios, e que a harmonia com os sindicatos varejistas locais é essencial para evitar desequilíbrios entre as bases.
Furtado informou que, até o momento, foram firmadas cerca de duas dezenas de convenções coletivas no interior paulista, a maioria com reajuste de 6%, incluindo casos como Osasco, onde o acordo previu INPC mais 0,5% de aumento real no piso salarial.
Apesar da proposta da Fecomerciários prever a aplicação de 6% de forma linear, os representantes das empresas presentes à assembleia manifestaram consenso em defender 6% apenas sobre o piso salarial, com reajuste pelo INPC para as demais faixas.
“A maioria das empresas entende que o reajuste deve seguir o INPC, aplicando os 6% somente ao piso. Não se trata, portanto, de aumento linear”, explicou o responsável pelo Jurídico do Sincovaga, Dr. Maurício Furtado.
Durante o debate, o presidente Alvaro Furtado reforçou que a entidade buscará manter o diálogo com os sindicatos laborais com os quais tradicionalmente negocia, preservando o equilíbrio entre as partes. Ele alertou, contudo, que há risco de impasse, caso a Fecomerciários insista na proposta linear.
“É uma possibilidade muito clara que não consigamos fechar as convenções, pois dificilmente os sindicatos que já assinaram acordos com reajuste de 6% para todos os salários aceitarão condições diferentes para os alimentícios”, observou.
Ao encerrar a assembleia, o presidente recomendou que as empresas avaliem, individualmente, a possibilidade de antecipar parte do reajuste com base no INPC, como forma de reduzir pressões internas e evitar desgastes nas negociações futuras.
A reunião foi suspensa, com a previsão de retomada em novembro, quando novos desdobramentos das tratativas com os sindicatos deverão ser analisados. “Vamos continuar acompanhando o cenário com atenção e manter as empresas informadas. O importante é preservar o equilíbrio e a sustentabilidade do setor”, concluiu o presidente do Sincovaga.