No Brasil, o Varejo é um dos setores que mais emprega, mas atualmente enfrenta um paradoxo: os trabalhos braçais seguem indispensáveis, ao mesmo tempo em que há escassez de mão de obra disposta a ocupar as vagas. A realidade é clara: empregados não querem trabalhar em escalas rígidas de finais de semana, a produtividade média é baixa, os benefícios tradicionais perderam apelo e a remuneração competitiva só atrai quando não compromete a qualidade de vida. O modelo tradicional, baseado em longas jornadas, baixos salários e benefícios padronizados, já não se sustenta. Diante disso, precisamos pensar em um novo modelo de trabalho.
Esse novo modelo deve contemplar turnos mais curtos e flexíveis, contratos intermitentes para picos de demanda, maior uso de automação para reduzir funções repetitivas, remuneração atrelada à produtividade e programas que valorizem o colaborador, criando senso de pertencimento. Mais do que pagar “mais”, trata-se de remunerar melhor, em equilíbrio com a qualidade organizacional da empresa e a qualidade de vida.
Mas como mudar? Como transformar esse cenário? E em que momento?
É fundamental contar com o apoio de entidades que possam viabilizar e garantir essa mudança. O Sindicato Patronal é essencial para modernizar acordos coletivos, implantar escalas alternativas e adotar novas formas de contrato. Também é importante que o empresário busque segurança jurídica por meio da relação com o Sindicato Patronal.
Além disso, o Sindicato fortalece as relações institucionais com o Senac e o Sesc, ampliando programas de bem-estar, lazer e capacitação em competências digitais e atendimento humanizado. O papel dessa entidade é fundamental para promover campanhas que reposicionem o varejo como um ambiente dinâmico, moderno e atrativo.
Temos que preparar a mão de obra para o varejo do futuro.
Será cada vez mais estratégico investir em Inteligência Artificial e novas tecnologias. Do autoatendimento à gestão de estoques, da logística à análise do comportamento do consumidor, a IA pode aumentar a eficiência e reduzir a dependência de mão de obra em funções repetitivas, liberando as pessoas para atividades de maior valor agregado.
O desafio não é apenas das empresas supermercadistas, mas de todo o setor varejista. A mudança no perfil da mão de obra não é passageira: é estrutural. Por isso, quem conseguir alinhar necessidades operacionais às expectativas das novas gerações terá vantagem competitiva.
O futuro do varejo depende de inovação não apenas nos negócios, mas também nas relações de trabalho. Os Sindicatos Patronais, em parceria com instituições como Sesc e Senac, aliados à força da Inteligência Artificial, podem ser o elo para acelerar essa transformação.
Mercedes Mosquera
Retail Specialist