Tempo de reconstrução

(*) Alvaro Furtado

 

Depois do cenário de guerra, resultado do lamentável quebra-quebra do dia 8 de janeiro, em Brasília, esperamos tempos de paz e literalmente de reconstrução. Porque é preciso serenidade para entender que os governantes passam, mas o país continua, assim como a democracia e a ordem devem sempre prevalecer.

 

É fato que o país continua precisando gerar emprego e renda para a população, retomar o investimento em infraestrutura, saúde, transporte e educação, só para falar do básico. E agora também de esperança no futuro e estabilidade, nas figuras de um governo responsável, de uma economia sem sustos e de um olhar social e humano, só para começar.

 

Mas não é somente nas dependências dos prédios atacados em Brasília que será preciso fazer uma boa reforma. Na área econômica, os ventos da mudança trazem a expectativa de retomada da mais relevante e esperada delas, a tributária, tão necessária para criar um ambiente de negócios mais justo e estimulador e reivindicação antiga da sociedade.

 

O verdadeiro labirinto tributário em que as empresas operam e a própria carga de impostos são, infelizmente, dois dos maiores desafios para a sobrevivência dos empreendimentos no Brasil.

 

Nos países mais desenvolvidos nesse quesito, o empresário estaria mais preocupado em vencer a concorrência, ganhar mercado, ampliar seu negócio. Por aqui, uma boa parte dos CNPJs quer mesmo é fechar a conta no final do mês, para seguir trabalhando e, se possível, sem “sujar o nome”.

 

O Congresso pretende votar a reforma tributária ainda no primeiro trimestre. A proposta é modernizar a arrecadação de tributos e impostos para favorecer a competitividade das empresas, acelerar o crescimento e gerar emprego e renda.

 

A expectativa é também modificar a tributação da renda, pois no Brasil os muito ricos pagam pouco imposto, enquanto os trabalhadores pagam muito. Com mais dinheiro no bolso, sobraria mais para o consumo, o que sempre beneficia o varejo de alimentos.

 

Vale lembrar que, como costuma ocorrer, os meses de janeiro e fevereiro são de baixas vendas no varejo de alimentos. Só que a paradeira desse primeiro mês do ano foi de assustar até os varejistas mais experientes. Fica a expectativa de melhores resultados neste ano que começa.

 

E se 2022 terminou sob a tensão da polarização política, do nós contra eles, do abandono das premissas básicas por parte do governo, esperamos que em 2023 seja possível deixar para trás o ódio que atrasa, colocando em seu lugar o diálogo entre as pessoas e as instituições. O Brasil precisa recuperar o seu protagonismo no mundo e retomar sua lição de casa.

 

Alvaro Furtado é presidente do Sincovaga-SP.