18 de maio, 2024

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A importância das pesquisas eleitorais

Notas&Informações, O Estado de S.Paulo

As pesquisas de intenção de voto são instrumentos importantes para orientar o eleitor em suas escolhas. Ao fazer estimativas sobre o tamanho do apoio popular aos candidatos, a partir de entrevistas, esses levantamentos oferecem informações adicionais para que os cidadãos possam tomar sua decisão de voto – e a democracia funciona melhor quanto mais informações de qualidade o eleitor recebe.

Compreende-se que eventuais discrepâncias entre as pesquisas e os resultados, como as verificadas na eleição de domingo passado, sejam entendidas como “erros” por quem, inadvertidamente, as considera como prognósticos. É preciso salientar, contudo, que pesquisas não profetizam quem vencerá a eleição – se assim fosse, bastaria fazer pesquisas para escolher governantes e parlamentares, sem necessidade de realizar eleições. As pesquisas são apenas o retrato de um determinado momento das campanhas – que, por diversas razões, costumam ser decididas em suas horas finais, movimento raramente captado pelas sondagens.

Pode-se dizer, aliás, que é justamente por causa das informações trazidas pelas pesquisas que muitos eleitores mudam de ideia sobre seus votos, transformando-os em instrumentos estratégicos contra candidatos que repudiam. Não é uma especulação descabida, por exemplo, imaginar que eleitores que haviam votado no presidente Jair Bolsonaro em 2018, mas que estavam descontentes com seu governo, resolveram votar de novo no presidente diante da perspectiva sombria de vitória do petista Lula da Silva no primeiro turno. Ou seja: as pesquisas cumpriram seu papel, ao ajudar esses eleitores a tomar sua decisão.

Nada disso significa que as pesquisas não possam nem devam ser aprimoradas. Está claro que a metodologia de algumas delas está desatualizada, seja porque houve atraso no Censo Demográfico, base para boa parte dessas sondagens, seja porque a amostra não reflete realidades sociais novas no País. Pela importância que as pesquisas adquiriram para as campanhas eleitorais, é preciso que as empresas que as realizam se esforcem para corrigir o quanto antes os evidentes problemas, pois não podem dar margem a que se acredite que suas sondagens sejam enviesadas.

Contudo, uma coisa é cobrar que as pesquisas sejam melhoradas, e outra, muito diferente, é tratá-las como produto de manipulação, como se tivessem sido produzidas com o intuito de prejudicar este ou aquele candidato – em geral, os que aparecem em desvantagem.

Não por acaso, ainda na noite de domingo, Bolsonaro afirmou no cercadinho do Palácio da Alvorada que o resultado oficial das eleições, mostrando expressivo avanço de candidatos apoiados pelo presidente e seu próprio crescimento, “desmoralizou de vez os institutos de pesquisa”. A demonização das pesquisas, assim como as suspeitas sobre as urnas eletrônicas e a desmoralização da imprensa, faz parte da estratégia bolsonarista de semear dúvidas e causar confusão, embaralhando as referências sobre a realidade – e isso só interessa aos espíritos autoritários.

 

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