18 de maio, 2024

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As preocupações e perspectivas de CEOs para 2023

Como manter suas organizações relevantes e viáveis agora, ao mesmo tempo que inovam e se preparam para o futuro? A resposta a este dilema está no cerne das preocupações de CEOs de todo mundo. A importância desta questão é tanta que um terço dos líderes executivos globais acredita que, em apenas dez anos, seus negócios não serão economicamente viáveis caso se mantenham no ritmo atual. Ou seja, só irão sobreviver se ocorrerem investimentos urgentes em transformação e inovação.

São perspectivas francas e realistas como esta que cerca de 4.400 CEOs de mais de cem países compartilharam com o 26º CEO Survey 2023: “Transformando o futuro, encarando o presente”, realizado pelo braço de pesquisa da PwC, multinacional de consultoria e auditoria. O relatório contou inclusive com uma participação recorde de CEOs brasileiros, cujas empresas representam um faturamento combinado de mais de R$ 3,8 trilhões.

Com foco no principal dilema destes executivos, o relatório se organiza em três dimensões, que tratam dos desafios atuais, da preparação para o futuro e da agenda necessária para atingir um equilíbrio entre o curto e o longo prazo, transformando, assim, dificuldades de hoje em oportunidades amanhã.

Os desafios atuais para os CEOs

Confira a seguir os dados mais importantes da pesquisa da PwC:

Economia global

Segundo o estudo, o maior desafio que a alta gestão enfrenta no momento é a situação da economia global. Isso faz com que praticamente três quartos (73%) dos CEOs ouvidos acreditem que haverá desaceleração econômica no próximo ano.

tendência vem como um balde de água fria nas perspectivas do ano anterior, em que a maioria esperava uma retomada do crescimento econômico com o fim da pandemia. No entanto, outros eventos como a Guerra da Ucrânia e o aumento da inflação foram determinantes para a diminuição das expectativas.

Já quando falamos das perspectivas de crescimento das economias locais, o Brasil entra na lista de países mais otimistas. 66% dos CEOs brasileiros creem na aceleração da economia do próprio país, enquanto apenas 17% apostam no crescimento global.

Isso reflete também no otimismo em relação aos seus negócios, uma vez que os líderes brasileiros contam com um horizonte mais positivo do que seus colegas executivos de outros países. 60% se dizem extremamente ou muito confiantes com o crescimento da receita de sua empresa; como comparação, a média global é 42%.

Estratégias de resiliência

Diante dos desafios globais de curto prazo, a maioria dos CEOs afirmou já estar tomando ações para mitigar as dificuldades e a volatilidade econômica em 2023. No Brasil, as principais estratégias de resiliência citadas na pesquisa foram redução de custos operacionais (69%), diversificação de ofertas de produtos e serviços (56%), busca de fornecedores alternativos (53%) e aumento dos preços (44%).

O relatório destaca que, no momento, os líderes estão evitando reduzir a mão de obra – no Brasil, 19% optaram por essa estratégia, enquanto globalmente o índice foi de 16%. Alguns fatores podem explicar a decisão, como o fenômeno de demissões voluntárias, aqui chamada de “Grande Evasão”, a disputa acirrada por talentos e a expectativa de manter as taxas de rotatividade estáveis.

Riscos geopolíticos

Uma terceira preocupação dos CEOs são as tensões geopolíticas. Como resposta a isso e seguindo uma tendência global, cerca de metade dos líderes brasileiros está ajustando cadeias de suprimentos de seus negócios, reconfigurando sua presença geográfica nos mercados e diversificando seus produtos e serviços.
Ainda há uma atenção à segurança cibernética e à privacidade de dados, que ainda chega tímida aos líderes nacionais: apenas 33% deles está considerando investir neste setor nos próximos doze meses.

Preparação para o futuro no C-level

Riscos e tendências

Lidar com as questões que aparecem como desafios e oportunidades no momento é importante, mas igualmente essencial é ter uma visão do que vem pelo futuro e se preparar para isso. E esta visão muda quando se fala no curto ou no médio prazo.

CEOs brasileiros e de todo o mundo ouvidos pela pesquisa da PwC concordam que o que mais aparece como ameaça para suas empresas nos próximos doze meses é a inflação e a instabilidade macroeconômica, seguidas por riscos cibernéticos e conflitos geopolíticos. Já quando pensam nos próximos cinco anos, a ordem se inverte e a instabilidade e os riscos cibernéticos acabam preocupando mais.

Neste sentido, o próprio relatório aponta que as ações que partem da gestão C-level têm um papel importante no enfrentamento aos desafios cibernéticos, tanto para melhorar a segurança digital e a vulnerabilidade dos negócios quanto para promover mudanças e inovações.

Inovação tecnológica, por sinal, está no centro da corrida pelo futuro. Pelo menos um terço dos executivos globais não acredita que suas empresas serão economicamente viáveis em uma década se mantiverem o rumo atual, e o fator que mais poderiam impactá-las seriam as inovações tecnológicas (como tecnologia avançada, metaverso, blockchain e IA), apontadas por 49% dos CEOs globais e 67% dos brasileiros.

Também foram bastante citadas mudanças nas demandas e preferências do consumidor (56% na média global), mudanças na regulação (53%) e escassez de mão de obra e competências (52%).

Os números apontam para uma consciência dos líderes de que grandes tendências têm a capacidade de reconfigurar o ambiente de negócios muito rapidamente. O cenário, então, também exige uma reinvenção constante, que nas palavras do relatório, “muitas vezes envolve escolhas difíceis sobre o que não fazer”.

Impacto climático

As mudanças climáticas também são apontadas como um assunto urgente pelos CEOs de todo o mundo. Cerca de metade deles espera algum grau de impacto desse tema nos próximos 12 meses, especialmente sobre seus perfis de custo e cadeias de suprimentos.

Como resposta, as empresas têm adotado algumas estratégias para se prepararem para riscos, como implementando iniciativas para reduzir as emissões de carbono, adotando produtos ou processos inócuos ao clima e criando ações que protejam bens físicos e mão de obra contra os impactos futuros.

No entanto, os passos ainda são tímidos. No Brasil, por exemplo, metade das empresas não contam com planos para implementar a precificação interna das emissões de carbono, embora isso seja importante para antecipar eventuais impostos, tarifas e incentivos, assim como entender melhor suas externalidades.

Equilíbrio da gestão no curto e médio prazo

Que empresas estes mais de 4.400 CEOs de todo o mundo estão ajudando a construir hoje e para o futuro? Uma parcela da resposta está em entender como os líderes executivos equilibram a gestão do curto e médio prazo.

Reforçando a percepção de que é urgente olhar para o futuro apesar dos desafios imediatos, cerca de 60% dos CEOs se concentram em reinventar seus negócios, contra 40% que estão dedicados a preservar o negócio atual.

As prioridades na alocação dos recursos também revelam um olhar para a frente, já que elas estão em investimentos em inovação em tecnologia – desde automação à implantação de tecnologias avançadas – e upskilling da força de trabalho.

No entanto, a pesquisa da PwC analisa que, embora haja toda essa movimentação em torno de reinvenção e inovação, os CEOs ainda mantêm um comportamento centralizador que pode diminuir o dinamismo destes processos disruptivos.

Questionados sobre as condições essenciais para o empoderamento organizacional e o empreendedorismo entre suas equipes e lideranças, por exemplo, 70% dos executivos brasileiros (76% no mundo) disseram que elas não costumam tomar decisões estratégicas no âmbito de suas funções ou departamentos de forma independente; 31% (43% no mundo) que não costumam acolher divergências e discussões; e 49% (53% no mundo) que não toleram pequenas falhas com frequência.

Diante dos números, o relatório sugere que liderar a reinvenção dos negócios exigirá um engajamento maior entre os CEOs e suas equipes, uma vez que transformações profundas só são possíveis quando toda a organização se adapta e se desenvolve. Os líderes, portanto, precisariam redobrar seus esforços em prol de uma visão compartilhada, capacitar as pessoas para tomar decisões e defender explicitamente a mudança.

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