18 de maio, 2024

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Brasil fica atrás na corrida mundial

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

 

O mundo vai mal, com as condições econômicas afetadas pela invasão da Ucrânia e pelos novos casos de covid-19. O Brasil, sem surpresa, continua em condições piores que as da maior parte dos países emergentes e avançados, como estava antes da pandemia e da guerra iniciada pelo presidente russo, Vladimir Putin. O Banco Mundial até elevou o crescimento estimado para o Brasil em 2022, mas de 1,4% para 1,5%, pouco mais da metade da taxa prevista para a produção global, agora reduzida de 4,1% para 2,9%. Bem mais fraco é o desempenho calculado para a economia brasileira pela OCDE, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico: expansão de apenas 0,6% para o Produto Interno Bruto (PIB), um quinto do esperado para o produto mundial, 3%, contra 4,5% projetados em dezembro.

Mais inflação, piores condições de financiamento, menor crescimento e maiores provações para as populações mais pobres compõem o cenário apresentado pelas duas instituições. Segundo o presidente do Banco Mundial, David Malpass, em muitos países será difícil evitar a recessão. O mais urgente, agora, é evitar uma crise de alimentação ocasionada pela alta de preços, escreveu a economista-chefe da OCDE, Laurence Boone.

Inflação, desemprego elevado e perda de renda do trabalho estão entre os grandes obstáculos ao crescimento brasileiro neste ano, segundo a análise da OCDE. A forte retomada inicial da economia, favorecida no ano passado pela vacinação, perdeu impulso neste ano. O ritmo poderá aumentar para 1,2% em 2023, mas ainda continuará bem abaixo das médias global e do Grupo dos 20 (G-20), ambas estimadas em 2,8%.

Os preços ao consumidor continuarão subindo velozmente no Brasil, embora em ritmo inferior ao atual. As projeções da OCDE apontam variação de 9,7% neste ano e de 5,3% no próximo. São números pouco superiores aos do mercado, citados no boletim Focus do Banco Central: 8,9% em 2022 e 4,4% em 2023. Mas são bem mais altos do que aqueles previstos para quase todos os membros da Organização. Nove países aparecem com taxas maiores que as do Brasil, nas estimativas para este ano. A maior alta é a da Turquia (72%), seguida por aquela calculada para a Argentina (60,1%). O nono país em pior posição que a brasileira, nesse conjunto, é a Hungria, com inflação esperada de 10,3%.

Também se mencionam as incertezas da fase eleitoral e a piora dos sentimentos. Essas incertezas devem desestimular o investimento neste ano, baixando o ritmo de atividade e retardando o aumento da capacidade produtiva. Desajustes nas cadeias produtivas e aumentos de preços de matérias-primas estão entre os efeitos atribuídos à guerra na Ucrânia. O quadro inclui também a irregularidade das chuvas e suas consequências na agricultura e na geração de eletricidade.

Problemas podem variar, como o surgimento, por exemplo, da guerra na Ucrânia ou de uma pandemia, mas chama a atenção a constância, há cerca de dez anos, do desempenho brasileiro abaixo das médias internacionais. Eis um bom tópico para as eleições deste ano.

 

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