18 de maio, 2024

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Hipermercados reagem ao avanço dos atacarejos

Os hipermercados brasileiros começam a reagir ao avanço dos atacarejos e depois de uma fase de grande fechamento de lojas e depuração do mercado. Estudo da consultoria  NielsenIQ mostra que de janeiro a 19 de março, as vendas dos hipermercados cresceram 8,6%, considerando as mesmas lojas com mais de um ano de funcionamento, em relação a igual período de 2022.

O resultado supera o do varejo de autosserviço como um todo, incluindo farmácias, que cresceu 8% no mesmo período, e dos atacarejos, que avançaram 6,9%. Os hipermercados perderam apenas para os grandes supermercados, cujas vendas subiram 9,6% no período, quando se compara as mesmas lojas.

“O resultado surpreende e mostra que os hipermercados estão virando o jogo”, afirma Igor Vilas Boas, gerente de atendimento ao varejo da consultoria e responsável pelo estudo. Desde que o atacarejo começou a crescer com força a partir de 2014, essa é a primeira vez que os hipermercados superam os atacarejos nas vendas pelo critério mesmas lojas, observa. O estudo considera como hipermercados as lojas com mais de 2,5 mil metros quadrados.

No entanto, quando se avalia as vendas totais – ou seja, considerando também as lojas abertas há menos de um ano -, o atacarejo continua na liderança de resultados do varejo de autosserviço. No período do estudo, o faturamento do atacarejo cresceu 23,6% ante igual período de 2022, enquanto o varejo de autosserviço como um todo, incluindo farmácias, avançou 15,5%. E o hipermercado continuou na “lanterna”, com alta de apenas 5,3%, na mesma base de comparação.

De acordo com o executivo, a perda de fôlego da inflação, que havia puxado a corrida de compras para o atacarejo, e a menor concorrência de empresas no segmento de hipermercados, com fechamento de lojas, explicam o crescimento de vendas do hiper pelo critério mesmas lojas.

Recentemente, o setor verificou um movimento de transformação de hipermercados em atacarejos. Lojas do hipermercado  Extra, compradas do Grupo Pão de Açúcar pelo   Assaí, seguirem esse movimento e foram transformadas em atacarejo. Também parte das lojas do hipermercado Big, adquiridas pelo Grupo Carrefour, virou atacarejo com a marca Atacadão.

Para se ter uma ideia, entre janeiro de 2021 e o final de 2022, o número de lojas de hipermercado no País caiu 10%, aponta a consultoria. Em igual período, houve aumento de 25% na abertura de lojas de atacarejo.

Para Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), o que sobrou foi o “filé, ou seja, as boas lojas de hipermercados, do ponto de vista operacional, aquilo que faz sentido. “Por isso, esse canal de vendas está mostrando reação”, avalia.

Vilas Boas ressalta ainda que o hipermercado regional foi o principal responsável pelo bom desempenho desse canal. No interior de São Paulo, por exemplo, as vendas dos hipermercados, pelo critério mesmas lojas, cresceram 11% de janeiro até meados de março em relação a igual período de 2022. Já os atacarejos avançaram 3,5% no mesmo período. “A reação dos hipermercados atualmente é diferente do que a que ocorreu nos anos 1990 e 2000, quando foi impulsionada pelas grandes varejistas globais”, diz o executivo.

O levantamento mostra que, até meados do mês passado, o atacarejo respondia pela maior fatia das vendas do autosserviço, incluindo farmácias (37,6%), enquanto o hipermercado por 15,9%. Excluindo as farmácias, Terra, da SBVC, calcula que hoje metade de tudo que é vendido no varejo de autosserviço passa pelo atacarejo.

Vinte anos atrás, ele lembra que os atacarejos eram raros e os hipermercados tinham papel preponderante no abastecimento. Depois sofreram com a hiperconcorrência e a chegada e o avanço dos atacarejos. Agora, os atacarejos começam a enfrentar a competição da abertura de um grande número de lojas no segmento.

Tanto Vilas Boas quanto Terra avaliam que ainda não é possível dizer que o setor de atacarejo chegou ao limite. Terra, no entanto, ressalta que o canal está perto deste limite.

Fonte: O Estado de S.Paulo

 

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