A saúde de uma empresa está diretamente ligada ao bem-estar de seus colaboradores – e cada vez mais organizações têm a consciência de que investir na saúde dos funcionários é cuidar do próprio negócio. Empresas que colocam isso como prioridade têm, além de índices menores de absenteísmo, melhores índices de satisfação no trabalho, com consequente queda no turnover (taxa de rotatividade dos colaboradores) e maior poder de atração e retenção de talentos.
Isso fica claro em pesquisas como a de “Tendências globais de capital humano”, da Deloitte, que apontou que oito em cada dez entrevistados identificaram o bem-estar como uma prioridade “importante” ou “muito importante” para sua organização.
O desafio está em criar soluções de gestão de saúde corporativa que vão além de ter um ambulatório na empresa e atender o colaborador integradamente. “Nos últimos anos, as organizações têm percebido que o principal determinante da saúde está em conhecer questões sobre como a gente vive. De fato, isso é mais importante que o médico, que o remédio. É preciso saber como eu me alimento, minha idade, de onde vim, onde moro”, observa Eliézer Silva, diretor do Sistema de Saúde do Einstein.
“Por meio de um entendimento abrangente é possível fazer um diagnóstico e começar a montar uma estratégia para atender a população de uma empresa e iniciar as intervenções.”
Foi assim que o Hospital Israelita Albert Einstein, melhor hospital da América Latina e do Hemisfério Sul segundo o ranking World’s Best Hospitals, da Newsweek, criou um modelo de gestão de saúde corporativa com base em sua própria expertise e já atende milhares de vidas em empresas espalhadas pelo país.
A receita para atender os colaboradores de outras empresas começou com o aprendizado dentro do hospital, que conta com 45 mil pessoas, entre contratados e seus familiares. “Foi olhando para a nossa população que percebemos que poderíamos construir uma gestão de saúde completa, que seria benéfica para essas vidas e também para o negócio”, diz.
Em meados de 2018, o Einstein iniciou um mapeamento para compreender as características de sua população e dependentes. Para isso, montou uma clínica com médico da família, que antes de mais nada, ouvia os pacientes. Parece simples, mas a humanização do atendimento foi crucial para mapear as intervenções no hospital em frentes abrangentes, como as campanhas de vacinação; mais direcionadas, como criação de grupos para lidar com temas como obesidade e tabagismo; ou individuais, para tratar questões como câncer e outras doenças.
“Esse é o essencial para que as pessoas se sintam mais próximas e cumprir os requisitos de saúde populacional, que é quando há diminuição das desigualdades educacionais, sociais, financeiras, e as pessoas se tornam saudáveis, independente de onde vieram. Esta intervenção é muito maior do que qualquer outra”, diz Silva. “Todo o restante é consequência”.
Atualmente, o Einstein conta com cinco clínicas e cerca de 250 funcionários dedicados a cuidar da saúde dos colaboradores da empresa e de seus dependentes. “Quando começou o programa passei a ter um médico de família na clínica. Desde então somos parceiros. Não faço check-up padronizado, faço exames que eu preciso, assim como minha esposa e filhos. Esse vínculo é fruto de confiança e engajamento e isso muda a forma como você vê a sua saúde. Isso faz com que você utilize recursos de saúde de forma racional, nem mais e nem menos”, diz o executivo.
Melhora nos índices é consequência
Para ele, o cuidado com a saúde dos funcionários traz apenas benefícios para as empresas. Além de aumentar índices como engajamento, senso de pertencimento e produtividade, o controle de custo com os gastos de saúde passa a ser automático com a abordagem humanizada.
“Isso sem contar a prevenção de doenças como infarto, acidente vascular cerebral. Pode ser que o CEO não veja isso no momento zero, mas ele vê que os exames e uso de pronto-socorro caem e a qualidade de vida aumenta. Isso não tem preço”, afirma.
Outro destaque positivo do sistema desenvolvido pelo Einstein é a questão da agilidade no atendimento. “Cerca de 85% dos problemas de saúde se resolvem na atenção primária. Nós temos um sistema que sabe identificar quando precisamos de intervenção de especialistas e criamos um vínculo com os prestadores para monitorar os atendimentos externos”, explica.
Silva destaca que o mercado trabalha com a constante expectativa de alta dos custos relacionados à saúde nas empresas. Ao adotar a gestão de saúde corporativa, no entanto, as companhias começam a ver a curva mudar.
“Um dos nossos clientes, por exemplo, notava uma alta média de 10% ao ano nos custos com saúde dos funcionários. Depois do nosso trabalho, a tendência foi de queda e eles experimentaram um número próximo de zero. A saúde do colaborador melhora e há economia para empresa”, diz.
Além disso, há frentes que são difíceis de tabular, mas ótimos indicadores para a sustentabilidade do negócio, como a reputação das companhias que aderem ao sistema de gestão de saúde corporativa do Einstein.
“Há relatos de mais facilidade de atração e retenção de talentos, pois as pessoas reconhecem que serão bem cuidadas. Isso sem contar que a conformidade com as questões ESG (Ambiental, Social e Governança, na tradução da sigla em inglês) atraem investidores e valorizam a empresa que preza pelo time no mercado de capitais”, finaliza o executivo.
Priorizar bem-estar dos funcionários favorece sustentabilidade do negócio (infomoney.com.br)
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