18 de maio, 2024

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Quem é José Garrote, o nome por trás da Super Frango que quer conquistar a Faria Lima

Fernanda Guimarães

Bem longe do eixo Rio-São Paulo, o empresário José Carlos Garrrote de Souza, ou somente Zé Garrote (ou ZG aos mais íntimos), vem construindo uma gigante regional do frango em Goiás. Dono da São Salvador Alimentos, que tem sob seu guarda-chuva as marcas Super Frango e Boua, a empresa fatura cerca de R$ 3 bilhões por ano e quer alçar voos maiores. Mesmo não tendo conseguido fazer sua abertura de capital no ano passado, a companhia segue em contato com investidores da Faria Lima, centro nervoso do mercado financeiro nacional, e vem chamando atenção com seus números.

Garrote, que, aliás, não é seu sobrenome de batismo, mas sua origem é de um apelido de infância, é muito conhecido em Goiás. Uma das histórias por trás da empresa é que, em três ocasiões, Garrote vendeu todo seu patrimônio para expandir o negócio. Foi assim que na década de 1980, quando levantou capital para ter seu abatedouro. Uma das propriedades que vendeu foi sua casa, o que o fez ir morar na casa do sogro por um período. A dona da Super Frango nasceu no começo da década de 1980, exatamente em sociedade com o pai de sua esposa Flávia, que já tinha uma granja na época.

José Garrote, presidente da empresa São Salvador Alimentos, já vendeu sua casa para investir na empresa, hoje uma das maiores de Goiás. Foto: Crédito: São Salvador Alimentos

A jornada de José Garrote, hoje com 64 anos, no mundo do frango não foi, contudo, planejada: seu caminho estava direcionado a ser dono de uma drogaria, como o pai. No entanto, pouco tempo depois de ter casado, o sogro pediu sua ajuda a cuidar do negócio, após um problema de saúde do filho que o tirou do dia a dia da granja. Foi aí que, junto com a esposa, Garrote decidiu vender pela primeira vez todo seu patrimônio, incluindo casa e carro, para investir no negócio. “Eu queria desenvolver o negócio de farmácia, nunca tinha pensando em trabalhar com frango”, conta.

Ao contrário de grandes produtores, a São Salvador Alimentos decidiu fornecer aos pequenos supermercadistas. Para isso, teve de desenvolver uma logística para fazer entregas em prazos mais curtos, e em menores quantidades, em lugares longe das capitais. Esse atendimento no “pinga-pinga” evita que esses varejistas, que têm menos fôlego de caixa, sejam obrigados a fazer pedidos grandes demais.

Com esse olhar para as redes regionais, os preços dos produtos vendidos acabam sendo maiores e, com isso, as margens de lucro cresceram – justamente o ponto que tem chamado a atenção do mercado financeiro. A margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia tem se mantido consistentemente acima de 25%, ao passo que o índice da empresa mais conhecida do setor, a BRF (dona das marcas Sadia e Perdigão), tem ficado em torno de 10%.

No fim da década de 1980, a empresa abatia 2,3 mil aves por dia. Foi nessa época que os planos de crescer se aceleraram. “E decidi fazer um abatedouro para 8 mil e uma infraestrutura para 20 mil aves por dia. Ninguém na Faria Lima daria conta de entender essa conta”, brinca ZG. E ao longo dos anos, com mais investimentos, a empresa foi crescendo e cortando os intermediários.

Hoje, anos depois, o abate diário da empresa é de cerca de 520 mil aves. Recentemente, a São Salvador Alimentos inaugurou um novo complexo de produção para chegar a para 730 mil aves por dia. A empresa está presente em 14 Estados, no Distrito Federal e exporta para 38 países. A segunda planta industrial fica também em Goiás, no município de Nova Veneza.

No ano passado, acelerando seu crescimento, inaugurou uma nova fábrica de rações. Para frente, o empresário garante há muito espaço para crescer. Mas diz não ter pressa. “Pude observar muita gente que caminhou rápido caiu”, relembra.

Aos que pensam que a vida da dona da Super Frango foi uma estrada sem percalços, o empresário faz questão de deixar bem claro que não foi bem assim. Antes de ser reconhecido pelo império que construiu em Goiás, Garrote se desfez por três vezes de todo seu patrimônio. Primeiro, logo no início dos anos 1980, vendeu carro, casa e drogarias; anos mais tarde, um apartamento comprado na planta também foi investido na granja; e, por fim, a casa do sogro teve o mesmo destino. “Tudo isso compensou”, afirma.

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