Os jovens nascidos entre 1996 e 2010 estão entrando na vida adulta, se tornando consumidores independentes e trazendo novidades para as relações pessoais e de trabalho. Cabe às empresas estarem atentas a eles e buscar entender a forma como pensam, a fim de se preparar para o que está por vir.
Tal tarefa não é simples, afinal, a Geração Z não é uma continuação das gerações anteriores (X e Y), mas sim uma soma delas. Trata-se de pessoas que buscam ter uma opinião própria e, ao mesmo tempo, a liberdade de poder mudar o entendimento quando necessário, que se importam, mas não desejam ter compromisso. Esta visão é resultado de uma pesquisa realizada pelo Cosumoteca Lab, intitulada, não à toa, de “Geração CTRL Z”.
“Todo mundo pensa em nativos digitais quando se fala nessa geração. Mas, para entender como pensam e para onde vão, precisamos ir muito além da tecnologia. Mudanças de comportamento são resultados de dilemas culturais”, afirma parte do estudo. Dessa forma, é a partir dos dilemas que se torna possível entender comportamentos e, consequentemente, a Geração Z.
A necessidade de ter uma opinião sem compromisso
Essa nova geração se sente na obrigação de opinar sobre assuntos do momento. Os textões nas redes sociais servem como forma de cada um deixar a sua marca e se sentir parte da comunidade. Mas, para isso, é preciso ter uma opinião própria bem construída, o que esbarra no dilema de não poder confiar em qualquer fonte.
A pesquisa da Consumoteca Lab entendeu que, como saída, os jovens optam por fazer a própria curadoria de informação. Eles absorvem tudo o que ouvem ou leem sobre diversos temas para construir um ponto de vista pessoal.
Mas, essa opinião não precisa ser necessariamente definitiva. A geração Z foge de uma definição em todos os âmbitos e gosta de ter uma identidade livre. 35% acreditam que suas preferências sexuais podem mudar ao longo da vida e 47% dizem ter uma opinião política sem posição definida, ou seja, nem de direita nem de esquerda, o que importa é o candidato.
Nesse sentido, e diferente da geração Y, eles não buscam mudar o mundo, escolhem causas para apoiar e entendem que o importante é cada um fazer a sua parte. Isso não significa que eles lutam de forma engajada, a maioria apenas apoia questões como política, feminismo, meio ambiente e igualdade racial.
Medo de falhar gera ansiedade
Com as redes sociais acabando com a linha entre esfera pública e privada, o que é real e o que é online se tornam a mesma coisa. Além disso, uma publicação realizada em determinada situação pode ser resgatada a qualquer momento. Isso gera outro dilema: o desejo de poder mudar de opinião versus o efeito de uma opinião antiga na reputação. O resultado disso é a ansiedade.
Também entra nessa questão a preocupação com o futuro. Para a Geração Z os planos de vida não precisam priorizar a satisfação financeira, como fez a Geração X, ou a realização pessoal, como fez a Y. Seria possível encontrar um meio termo, que permitisse acelerar as conquistas.
“Para esses jovens, os principais responsáveis pela realização de seus sonhos são eles mesmos. Por isso, preferem chamá-los de planos. A lógica da meritocracia – ‘fazer por merecer’ – é muito influente na maneira como planejam suas conquistas. Não têm medo de botar a mão na massa e correr atrás do que querem, mas não pretendem esperar muito tempo para colher os frutos de seus esforços. O sucesso precisa ser para já”, diz um trecho do estudo.
Os desejos da Geração Z
Apesar do rótulo de revolucionários e inovadores, alguns desejos desses jovens pertencem à considerada “velha estrutura”. O principal indicativo de sucesso escolhido por eles na pesquisa da Consumoteca foi casar ou ter um relacionamento estável (43%). Quando se trata de sonho de consumo, o desejo é pela casa própria.
Dessa forma, o formato da família ou o tipo de apartamento pode até mudar, mas eles continuam em primeiro lugar. Entre busca por equilíbrio e altas expectativas guiando planejamentos de vida, a Geração Z une o tradicional e o novo. Para empresas, entender esse comportamento é questão fundamental para apostar em tendências que poderão se tornar, de fato, realidade nos próximos anos.
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