
Por Luis Filipe Santos
O levantamento ‘Monitor Global de Liderança 2023′ da consultoria Russell Reynolds Associates apontou as duas principais preocupações entre líderes empresariais neste ano: as incertezas econômicas globais e a falta de talentos para concretizar os projetos. A pesquisa, realizada em todas as regiões do mundo, ainda mediu o quanto os executivos se sentem preparados para combater os desafios de governança corporativa atuais.
A incerteza econômica foi citada como preocupação por 73% dos entrevistados, enquanto a escassez de talentos veio logo atrás com 72% – ambas tiveram um aumento de cinco pontos percentuais em relação a 2022. Entre os líderes, 59% acreditam estar preparados para lidar com as questões amplas da economia, e 46% afirmam que suas empresas conseguirão atrair e reter profissionais.
O Monitor foi realizado com mais de 1 500 altos executivos, conselheiros e membros da próxima geração de líderes de 46 países da África, Ásia, Américas, Europa, Oceania e Oriente Médio. As empresas representadas atuam nos setores de Consumo, Serviços Financeiros, Saúde, Tecnologia, Recursos Industriais e Naturais e Serviços Profissionais e Comerciais.
Cenário geopolítico
A incerteza como principal preocupação reflete um cenário geopolítico ainda complicado, com a guerra na Ucrânia, inflação ainda alta em Estados Unidos e países da Europa, além de sinais de uma possível recessão nessas nações. Assim, ao mesmo tempo em que os líderes precisam caminhar nas estratégias de longo prazo das companhias, tornou-se mais difícil entregar os resultados esperados para o curto prazo.
Líderes precisam entregar resultados no presente, mas planejar o futuro das empresas a longo prazo
Foto: Pixabay
A atitude correta dos executivos pode fazer a diferença nesse contexto: é preciso saber lidar com essas incertezas e fazer as apostas corretas. “Os líderes que precisam de todas as respostas para tomar uma decisão ficam travados. Nesse caso, tomar riscos calculados frente a cenários incertos é necessário”, avisa Flávia Leão, head da Russell Reynolds no Brasil. Dessa maneira, é possível estruturar objetivos de curto e longo prazo para serem perseguidos e alcançá-los.
Seleção e retenção
Ter os talentos certos na empresa é igualmente importante para poder entregar os resultados esperados. Assim, as companhias precisam se preparar para dois pontos de maior atenção: a seleção e a retenção.
No caso da seleção, quanto mais alto for o cargo, maior cuidado deve ser tomado para escolher a pessoa correta. “Se errar no nível de CEO, o negócio fica desgovernado. Quando se desenha uma estratégia ambiciosa mas as pessoas não sabem como fazer o que você precisa, ela não vai ser entregue”, prevê Leão.
Já a retenção funciona para gerar uma continuidade no negócio. Ao mesmo tempo em que é necessário trocar parte dos colaboradores de tempos em tempos para que ocorra uma oxigenação, manter quem já conhece a empresa evita que seja necessário repor constantemente a base de conhecimento e ainda pode ajudar a identificar futuros líderes.
Por isso, além da remuneração, é possível pensar em uma formação continuada. “Tem que ajudar com competências emocionais, com aspectos de inovação, há uma série de competências que podem ser desenvolvidas”, comenta a líder da Russell Reynolds. Investir em treinamento e oferecer feedbacks construtivos são fundamentais para aumentar as taxas de retenção e engajamento. Entre os próprios líderes, 55% disseram no levantamento que estão dispostos a sair de suas empresas, o que também é reflexo de um ambiente volátil.
Outras preocupações
Além das duas principais, outras preocupações secundárias foram detectadas na pesquisa. Transformação tecnológica, mudanças no comportamento do consumidor, diferentes modelos de trabalho e incerteza política são temas que tiveram entre 30% e 45% de lembrança na lista de prioridades dos executivos, e cerca de 50% se sentem preparados para enfrentá-las. “São pressões que a empresa tem que estar atenta. Muitas vezes, existe um conhecimento menor que o necessário sobre como esses elementos podem alavancar as empresas”, afirma Leão.
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