Os reflexos das enchentes que atingem o Rio Grande do Sul já apareceram no varejo. Grandes redes de supermercados e de atacarejo começaram a racionar os volumes vendidos de arroz, leite, óleo de soja e feijão, produtos nos quais o Estado tem forte presença na produção nacional.
Planejava levar 30 fardos de arroz de 30 quilos, o que ele normalmente gasta por mês no seu restaurante. No entanto, conseguiu comprar apenas dez fardos porque a loja está limitando a venda de volume por cliente. “Vou ter de percorrer outros atacarejos para ver se pego mais 20 fardos”, disse.
O pequeno empresário não notou aumento de preço. Mas ele teme que o arroz suba. “Tudo pode acontecer, como eles estão limitando (a venda)”, afirmou.
Em outra loja, o pintor autônomo de veículos César Augusto Geraldo não chegou a ter sua compra frustrada como o dono de restaurante. Na loja em que visitava, a venda de arroz estava limitada a três pacotes de cinco quilos por cliente, e ele comprou dois. “Eu e meu pai consumimos, em média, dois pacotes por mês e já tenho mais dois em casa”, contou.
A compra de Geraldo é por precaução. Ele teme a falta do produto. “Estou comprando arroz porque está sendo prevista a escassez”, disse, lembrando que mais 70% do arroz consumido no Brasil vem do território gaúcho.
Estoques normais
A decisão de consumidores de fazer um pequeno estoque por precaução é exatamente o que a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) quer evitar. Um comunicado divulgado pela entidade “recomenda que os consumidores não façam estoques em casa para que todos tenham acesso contínuo ao produto”.
A Abras informa que monitora os estoques e o abastecimento de produtos essenciais. “Até o momento, os estoques e as operações de abastecimento do varejo estão normalizados com diversas marcas, preços e promoções para atender à demanda de consumo tanto das lojas físicas quanto pelo e-commerce”, diz a nota.
O racionamento de produtos ainda não é generalizado. Das sete lojas de varejo e atacarejo visitadas pela reportagem, quatro estavam racionando a venda de produtos. Não havia falta dos itens e as prateleiras estavam cheias, mas avisos indicavam a limitação de volumes por cliente.
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