Por Katia Simões, Para o Prática ESG/Valor
Segundo maior custo do varejo supermercadista, perdendo apenas para a folha de pagamento, com gastos equivalentes a R$ 3 bilhões por ano, segundo dados da Abras, a economia de energia também é foco de atenção. Reduzir o consumo ou gerar a própria energia podem significar alguns milhões de reais a mais no caixa. O GPA foi uma das primeiras empresas supermercadistas a pensar em fontes de energia renovável. O trabalho foi iniciado em 2005 e a meta é chegar a 95% das lojas até 2024. Entre as ações adotadas figuram a troca da ilha de produtos refrigerados para diminuir perdas térmicas, automação do sistema de ar condicionado, troca da iluminação por lâmpadas de led e instalação de usinas solares em algumas unidades, além da adoção em junho de 2021 de veículos elétricos para entregas do pedido de e-commerce.
Esse também foi o caminho adotado pela Condor Super Center, que passou a produzir a própria energia. “Geramos 4 mil megawatts/ano, o equivalente ao consumo de 26 mil residências”, afirma Maurício Bendixen, diretor de operações. “Em 2015, começamos a instalar painéis solares nas lojas. Das 56 unidades, 10 já geram a própria energia”.
De acordo com o estudo Geração Distribuída: Mercado Fotovoltaico, realizado pela Greener Consultoria, o varejo, principalmente os supermercados, é o setor que mais instala sistema solares, com 38% da aparelhagem em atividade no país. A pesquisa revela que 74% das instalações comerciais foram direcionadas para a categoria.
De olho nos avanços da tecnologia, o Atacadão, com 252 lojas, optou pela integração na plataforma de gestão da cadeia de resíduos desenvolvida pela startup Vertown. “O serviço é disponibilizado via assinatura mensal, no modelo SAS, e permite acompanhamento de todos os indicadores em tempo real, o que facilita a tomada de decisão, além da gestão dos próprios fornecedores”, afirma Natan Seabra, diretor de branding. “Dentro da plataforma, todos os registros são feitos em blockchain, o que garante segurança e transparência ao processo”. Em 2021, a plataforma, que conta com 60 clientes ativos, entre indústria e varejo, registrou o reaproveitamento de 500 toneladas de resíduos, gerando R$ 1 bilhão em economia e 650 toneladas de CO² que deixaram de ser enviados à atmosfera.
Com sede em Fortaleza (CE) e 16 lojas distribuídas pelo Ceará, o Pinheiro Supermercado é um bom exemplo de pequena rede que traz a inovação no DNA e avança na agenda ESG. A rede foi a primeira a adotar os padrões GS1 (GS1DataBar) nas etiquetas dos alimentos frescos embalados (frutas, verduras e legumes). “Na prática, isso significa que o cliente, quando passa no caixa, é avisado sobre a data de validade do produto adquirido e o lote a que aquele alimento pertence”, diz Virgínia Vaamonde, CEO da Associação Brasileira de Automação-GS1. “Essas são apenas algumas das informações que o varejo poderá disponibilizar, além de dados sobre reciclagem, o que habilita o fluxo da economia circular; rastreabilidade do campo à mesa, sem contar a possibilidade de interação do consumidor com a marca. O céu é o limite”.
Segundo Luciana Aguiar, gestora de qualidade do grupo Pinheiro, foram investidos cerca de R$ 15 mil na criação das novas etiquetas (GS1Databar) e customização do sistema, uma vez que o supermercado já contava com uma boa estrutura digital. “Trata-se de um avanço nas ações voltadas para diminuição tanto do impacto tanto social, quanto ambiental, dos resíduos gerados por nossas operações”, afirma a executiva.
Segundo ela, o trabalho mais estruturado foi iniciado há 10 anos, envolvendo três frentes: resíduos sólidos (garrafas pets e latinhas) que são comercializados, com a renda usada para abater custos com energia do Instituto Bom Menino, que atende crianças da comunidade; venda de papelão e plástico, também com recursos revertidos ao Instituto; e resíduos orgânicos que são distribuídos para entidades cadastradas quando próprios para consumo ou reaproveitados na produção de novos produtos.
Em 2021, o Pinheiro Supermercado descartou 7.672, 5 quilos de papelão e plástico, volume abaixo do registrado no ano anterior (9.878,12 kg). O mesmo desempenho, contudo, não se repetiu com o descarte de resíduos orgânicos. Em 2021 foram 23.560 quilos de sebo e osso, contra 19.968 quilos em 2020.
Luciana Aguiar, gestora de qualidade do grupo Pinheiro — Foto: Divulgação
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