Uma pesquisa realizada pela Hand, assessoria especializada em fusões e aquisições, revelou que o varejo brasileiro tem hoje ao menos 479 empresas familiares com potencial para receber aportes de fundos de investimento ou para passar por um processo de M&A (fusões e aquisições).
O estudo considerou redes varejistas com faturamento anual entre R$ 100 milhões e R$ 500 milhões; e redes de supermercados e atacados com faturamento anual acima de R$ 300 milhões. O resultado indica 185 redes de supermercados e 294 redes varejistas com potencial para fusões e aquisições.
O mapeamento desdobrou-se em diversos destaques sobre o setor, como a média de idade dessas empresas — que beiram os 30 anos e, juntas, empregam mais de 400 mil pessoas.
As redes varejistas, por exemplo, foram subdivididas em duas categorias, de acordo com seu porte: as maiores (receita entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões) e as menores (entre R$ 100 milhões e R$ 300 milhões). O estudo concluiu que as maiores possuem em média 44 lojas por rede, enquanto as menores contam com a média de 23.
Nas empresas supermercadistas, a subdivisão também foi feita com base no porte da companhia, com três classificações resultantes: as maiores empresas (receita acima de R$ 1 bilhão), as médias (receita entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão) e as menores (receita entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões). A dispersão do número de lojas seguiu o padrão em concordância com o faturamento da rede. As menores têm em média 11 lojas, enquanto as redes de médio porte, 18, e as maiores, 37. A rede com a maior quantidade de lojas possui 145 unidades.
O estudo contou também com o auxílio de Marcos Andrade, atual conselheiro da Hand e empreendedor com atuação destacada no varejo, que ainda acumula funções em conselhos de entidades varejistas como ACSP (Associação Comercial de São Paulo) e SBVC (Sociedade Brasileira do Varejo e Consumo) e como diretor da CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
“Partimos de uma relação inicial com mais de 5 milhões de empresas, entre redes varejistas, supermercados e atacados. Após o processo de triagem das faixas de receita, foram 1.751 companhias analisadas. A partir daí foram excluídas as associações, cooperativas e fundações, bem como as empresas que já participaram de ao menos uma transação de fusão e aquisição anteriormente” diz Andrade.
Marcos ainda completa que a pesquisa evidencia o potencial do setor. “A concentração de mercado é um bom termômetro de maturidade e concorrência de um segmento, mas no varejo brasileiro ainda é baixa. Há muito espaço para consolidações e as grandes empresas do setor estão ligadas nisso”.
Por fim, José Venancio, sócio da Hand e responsável pelos novos negócios da empresa, destacou o crescente interesse dos investidores e das multinacionais nas empresas familiares. “O mercado doméstico brasileiro reúne condições únicas no âmbito mundial, nem mesmo a complexidade de se empresariar no Brasil consegue frear as oportunidades. Vivemos em um país continental e com uma fragmentação incrível de empresas nos subsetores varejistas. Além disso, os negócios familiares enfrentam uma onda de sucessão e profissionalização das suas operações, pontos que aproximam essas empresas de um potencial aporte, incorporação ou fusão”.
A participação média dos cinco maiores varejistas brasileiros passou de 22%, em 2005, para 28,7%, em 2019, de acordo com pesquisa da Gouvea Consulting. O setor mais concentrado é o de bens duráveis, com 47,1%, seguido por supermercados (34,4%) e farmácias (22,9%). Venâncio ainda finaliza, “Como comparação, podemos pensar no competitivo e maduro mercado de supermercados na Inglaterra que tem um índice de 66% de concentração, conforme o levantamento de 2022 da Statista. Esse quadro evidencia a avenida de oportunidades na consolidação de diversos setores do varejo”, finaliza Marcos Andrade.
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