Um dos principais gargalos da operação supermercadista, a ruptura, teve queda de 1,7% em fevereiro no Brasil, se comparado ao mês anterior. Enquanto o Índice de Ruptura da Neogrid mostra queda na falta de produtos nas gôndolas do varejo alimentício, os produtos propensos à ruptura como ovo, arroz e azeite seguem com aumento de preço. O estudo revela que entre janeiro e fevereiro o preço do ovo aumentou 10%; o azeite virgem e extravirgem tiveram alta de 13% somando os dois primeiros meses deste ano; e o arroz com aumento de 12,8% no mesmo período.
O diretor de customer success da Neogrid, Robson Munhoz, entende que esse cenário impacta o mercado varejista de diversas maneiras, começando pela pressão para equilibrar as margens de lucro sem repassar totalmente os aumentos aos consumidores para não afetar a sua competitividade. “Outro ponto importante é que a gestão de estoques se torna mais desafiadora devido à variação na disponibilidade de produtos, exigindo uma abordagem mais estratégica para evitar excessos ou faltas que prejudiquem as vendas e a satisfação do cliente. As negociações com fornecedores também são afetadas, já que o varejo precisa buscar acordos que garantam o abastecimento adequado e preços competitivos”, avalia.
Para minimizar o impacto do aumento de preços nas compras do consumidor, Munhoz destaca a importância da união entre a indústria varejista e as redes de supermercados para elaborar negociações estratégicas para ambas as partes. “Essa colaboração pode se estender ao desenvolvimento de produtos e promoções específicas que atendam às necessidades dos consumidores locais, bem como ao uso de tecnologia e análise de dados para aprimorar operações e oferecer uma experiência mais personalizada. Educar o consumidor sobre variações de preços e alternativas econômicas, juntamente com a transparência nas informações, é fundamental para construir confiança e fidelização”, aponta o diretor da Neogrid.
Mix adequado e empresários persistentes
De acordo com Fabrício Tonegutti, diretor executivo da Mix Fiscal, empresa de inteligência tributária para o varejo, o setor teve uma excelente notícia com a percepção de queda na ruptura, no entanto, com os preços em alta, existe uma migração para outros tipos de produtos. “Muitos consumidores têm optado por marcas mais baratas ou opções mais em conta. Se estava habituado a uma marca premium, agora experimenta uma marca de combate. Nesse cenário, é fundamental que as grandes redes de supermercados consigam detectar esse movimento e realizar um trabalho no seu mix de produtos, adequando-o a essa realidade”, afirma.
Segundo Leandro Rosadas, especialista em gestão de supermercados, hortifrutis e atacarejos, a relação entre indústria e varejo vem melhorando, mas não em todos os níveis de negócio. “A implantação da gestão por categorias (GC), por exemplo, normalmente fica fora do alcance do pequeno e médio empresário do varejo, dificultando a realização de compra e venda assertivas. Mas, o empresário supermercadista brasileiro é persistente e resiliente em todos os níveis e, com programas e mentorias de aceleração para o médio e o pequeno empresário, esses empreendedores se veem em condições de enfrentar e ganhar essa batalha”, completa Rosadas.
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